Paleontólogos descobrem novo dinossauro na Patagônia, o Inawentu oslatus

Leandro da Silva Monteiro
Reconstrução do Inawentu Oslatus. Ilustração de Gabriel Lio

Os dinossauros sempre trouxeram fascínio na humanidade e por isso são tão representados na cultura popular, desde séries, desenhos e filmes. Mas essas grandes criaturas pré-históricas também são de grande fascínio para os cientistas que estão há décadas estudando-as e fazendo novas descobertas todos os anos. A mais recente foi feita na Argentina, onde paleontólogos encontraram o que seria uma nova espécie de saurópode na região da Patagônia, o Inawentu oslatus.

Os saurópodes, popularmente conhecidos como “pescoçudos”, foi um grupo formado por dinossauros que habitaram a Terra do fim do período Jurássico (163.5-145 milhões de anos atrás) até o fim do Cretáceo(145-66 milhões de anos atrás). As características mais conhecidas são as de possuírem grande tamanho corporal – sendo o menor deles maior que um elefante comum – pescoços compridos e uma postura larga. Neste grupo estão alguns dos maiores animais terrestres que se tem conhecimento na história.

Segundo os cientistas, o espécime encontrado deve pertencer aos titanossauros, um tipo de dinossauro de pescoço comprido do grupo dos saurópodes Apelidado de Inawentu oslatus, a estimativa é que ele tenha vivido na região por volta de 86 milhões de anos atrás. As descobertas foram descritas num recente artigo, ‘A rebbachisaurid-mimicking titanosaur and evidence of a Late Cretaceous faunal disturbance event in South-West Gondwana’, publicado na Cretaceous Research

Dentre os responsáveis pela descoberta está o paleontólogo Leonardo Filippi que disse que os saurópodes foram os principais animais herbívoros em todos os ecossistemas terrestres não polares de Gondwana. A Gondwana foi um supercontinente que incluía a maior parte das zonas de terra firme que hoje constituem os continentes do hemisfério sul.

Filippi também acrescenta que: 

Com um plano corporal geral consistindo em uma postura quadrúpede e graviportal [corpos adaptados para se mover lentamente devido a seu enorme peso], uma proporção entre corpo e crânio pequena e séries cervicais e caudais alongadas, os saurópodes desenvolveram uma variedade notável de adaptações relacionadas ao gigantismo, locomoção, defesa, fisiologia e comportamentos alimentares. Eles representaram o principal componente herbívoro de médio a grande porte da fauna na maioria dessas massas de terra ao sul, tanto em diversidade quanto em abundância.

Sobre a descoberta do Inawentu oslatus

Fóssil de um saurópode, grupo de dinossauros do qual o Inawentu oslatus pertence.
Fóssil de um saurópode, grupo de dinossauros do Inawentu oslatus. Imagem: Flickr

O espécime foi retirado de depósitos de sistemas fluviais da formação de Bajo de la Carpa que se encontra na bacia de Neuquén na Patagônia. Assim como muitos fósseis, os paleontólogos encontraram o Inawentu oslatus parcialmente completo. Como eles explicaram, os restos esqueléticos foram recuperados de uma zona de lodo edafizado maciço, de cor avermelhada, que estavam cobertos por uma fina camada de areia de 30 cm de espessura, geralmente associadas aos depósitos de inundação que ficam às margens dos rios.

A equipe também descobriu que o Inawentu oslatus possui uma anatomia craniânia semelhante a família dos Rebbachisauridae, outro tipo de saurópode que viveu nas regiões do que hoje se considera a Ameríca do Sul. Segundo eles, ‘Inawentu oslatus pertence a um clado de espécies de titanossauros de mandíbula quadrada que estavam restritas às últimas fases do Cretáceo Superior na América do Sul.

Os paleontólogos julgam que será necessário um estudo mais aprofundado de novos materiais e dados diferentes que contenham informações morfológicas a respeito dos titanossauros para que possam comprovar que essas espécies de mandíbula quadrada de fato formam um clado. 

“O Inawentu oslatus e provavelmente outros membros deste clado possuem adaptações tróficas aparentes vistas nos saurópodes [da família dos]  Rebbachisauridae precedentes, como um focinho largo e um pescoço relativamente curto.”

Caso consigam confirmar descobertas, o grupo acredita que isso trará algumas implicações paleoecológicas no atual contexto da paleontologia. Eles destacam uma substituição faunística em tempos pós-Turonianos nos ecossistemas continentais de Gondwana e hábitos de baixa alimentação em pelo menos duas linhagens diferentes de dinossauros saurópodes.

Mais informações sobre os achados dos cientistas argentinos podem ser conferidas no artigo citado anteriormente.

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