Outro fenômeno poderoso ajudou a destruir Pompeia, além da erupção vulcânica do Vesúvio

Daniela Marinho
Ruínas de Pompeia, ao fundo o Monte Vesúvio. Imagem: Buena Vista Images via Getty Images

Pompeia foi uma antiga cidade romana localizada perto da atual Nápoles, na Itália. Em 24 de agosto do ano 79 d.C., a cidade foi tragicamente destruída pela erupção do Monte Vesúvio, um vulcão ativo nas proximidades.

A erupção do Vesúvio foi extremamente violenta e inesperada, liberando uma enorme quantidade de cinzas, pedras-pomes e gases tóxicos. A cidade de Pompeia, junto com Herculano e outras vilas ao redor, foi rapidamente coberta por uma espessa camada de cinzas vulcânicas. Muitas pessoas foram pegas de surpresa e não conseguiram escapar, resultando em milhares de mortes.

A camada de cinzas que cobriu Pompeia preservou a cidade quase que intacta por séculos. As escavações arqueológicas iniciadas no século XVIII revelaram uma visão detalhada da vida romana antiga, com edifícios, ruas, utensílios domésticos e até mesmo os moldes dos corpos das vítimas preservados no momento de sua morte.

No entanto, Pompeia não foi atingida apenas pela erupção vulcânica. Um estudo recente, publicado no periódico Frontiers in Earth Science, sugere que houve um terremoto simultaneamente.

Terremoto em Pompeia

O estudo recém publicado examinou os restos mortais de duas pessoas preservadas em Pompeia e descobriu que elas foram esmagadas quando um terremoto fez um prédio vir a baixo.

Segundo Raffaello Cioni, um vulcanologista da Universidade de Florença, na Itália, a análise das descobertas é “realmente precisa e convincente”.

Quando o Monte Vesúvio entrou em erupção, uma tempestade de pedras vítreas caiu sobre Pompeia, causando o colapso dos telhados e prendendo muitos moradores. Logo depois, fluxos de rochas, gases e cinzas vulcânicas desceram pela montanha, soterrando completamente a cidade.

Pesquisadores agora acreditam que um terremoto pode ter ocorrido entre as duas fases da erupção, causando a morte de muitos residentes antes que a cidade fosse coberta pelo material vulcânico.

Cartas ajudaram os estudiosos na descoberta

Além de estudar as ruínas arqueológicas de Pompeia, preservadas sob uma espessa camada de cinzas, os pesquisadores também aprenderam sobre a erupção do Vesúvio através das cartas de Plínio, o Jovem. Este autor romano observou a catástrofe de uma distância segura e descreveu os eventos em suas cartas.

Plínio relatou que a erupção foi acompanhada por terremotos, mas até recentemente, os estudiosos modernos não haviam encontrado provas concretas de danos sísmicos ocorrendo ao mesmo tempo que a atividade vulcânica em Pompeia.

Durante uma recente escavação no centro da cidade, cientistas descobriram os esqueletos de duas pessoas dentro de um prédio desmoronado. Para entender o que aconteceu com essas vítimas, os pesquisadores formaram uma equipe interdisciplinar composta por arqueólogos, vulcanólogos e antropólogos.

Juntos, eles analisaram detalhadamente a construção do edifício, as diferentes camadas de materiais deixados pela erupção, o deslocamento das paredes e as fraturas encontradas nos ossos.

Após uma investigação minuciosa, os pesquisadores concluíram que o colapso do edifício provavelmente foi causado por choques sísmicos. Além disso, os ferimentos observados nos esqueletos sugeriam que as vítimas foram esmagadas de maneira similar às que ocorrem em terremotos modernos.

Pesquisa interdisciplinar

pompeia 1
Restos mortais de duas pessoas descobertos recentemente em Pompeia. Imagem: Parque Arqueológico de Pompeia

As pessoas foram encontradas em posições agachadas, indicando que um terremoto foi a provável causa de suas mortes. De acordo com Carla Bottari, arqueosismóloga do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália, que não participou da pesquisa, se as vítimas tivessem morrido lentamente por asfixia durante a erupção, elas estariam em uma posição mais relaxada.

Kevin Dicus, arqueólogo da Universidade de Oregon, também não envolvido no estudo, comentou ao New York Times que o trabalho é “incrível” e destaca os benefícios da pesquisa interdisciplinar. Dicus enfatizou que “as evidências estão sempre lá — só é preciso fazer novas perguntas e ter novos olhares para encontrá-las”. Ele acrescentou que “a arqueologia não deve ser uma profissão totalmente insular”.

Os autores do estudo afirmam que, após a publicação deste artigo, será possível investigar mais detalhadamente o papel da atividade sísmica na destruição da antiga cidade de Pompeia.

Compartilhar