A polarização é um termo que tem ganhado destaque, sobretudo na contemporaneidade. Isso porque no contexto político, o conceito representa com veracidade o que tem acontecido: a divisão da sociedade em dois polos — muitas vezes, extremos — sobre um determinado tema. Dessa forma, os países mais polarizados são o retrato fidedigno do embate e disputa, geralmente entre dois grupos fechados em suas próprias certezas, sem abertura para o diálogo.
No contexto das ciências sociais, a polarização, por sua vez, abrange desde a segregação racial, até as noções de divisão de classe, a ideologia política e os níveis de qualificação do trabalho.
Países mais polarizados do mundo
Para quantificar e determinar quais são os países mais polarizados do mundo, o Instituto Edelman elaborou duas perguntas muitos simples que foram feitas aos entrevistados:
- Quão dividido está o país deles?
- Quão arraigada é a divisão?
A pesquisa foi realizada entre 1º de novembro a 28 de novembro de 2022 e incluiu mais de 32.000 entrevistados em 28 países. A Rússia foi omitida da pesquisa deste ano. Os resultados obtidos e divulgados no relatório surgem a partir da interpretação das respostas; isto é, as perguntas dão aos pesquisadores uma noção das questões sociais que um determinado país está enfrentando, bem como a falta de consenso entre a população sobre as mesmas questões.
Dessa forma, os dados são colocados num gráfico: um país está “severamente polarizado”, enquanto outros países localizados mais próximo ao canto inferior esquerdo são tidos como menos polarizados. Para quantificar a polarização, Edelman identificou quatro métricas a serem observadas e medidas.
Países severamente polarizados
Os países severamente polarizados, de acordo com o Edelman, enfrentam diversas dificuldades. A Argentina, por exemplo, embora seja uma das maiores economias da América Latina, é o país mais polarizado do mundo.
Entre as principais causas para tal polarização, a inadimplência de empréstimos estrangeiros, o alto déficit fiscal e a inflação crescente se destacam e formam o pior cenário para o país. Além disso, os argentinos ainda estão lidando com a corrupção antiga no setor público e retrocessos significativos entre os governos. Somente 20% dos entrevistados disseram confiar no governo.
Cerca de 43% dos argentinos disseram que estarão melhor em cinco anos – queda de 17 pontos percentuais em relação a 2022.
Já nos Estados Unidos, outro país polarizado, a intensificação política entre democratas e republicanos nos últimos anos repercutiu o fortalecimento de posições ideológicas, evidenciado ainda mais o termo polarização em manchetes. No país, apenas 42% dos entrevistados acreditam no governo.
Na África do Sul, a queda acentuada da confiança no Congresso Nacional e a desigualdade social que predomina também corroboram com os dados colhidos pelo Edelman. Depois da Argentina, é o segundo país com menos confiança no governo – apenas 22% dos entrevistados.
A seguir, está a lista com os países mais popularizados do mundo:
- Argentina
- Colômbia
- Estados Unidos
- África do Sul
- Espanha
- Suécia
Países moderadamente polarizados
O maior grupo do gráfico abrange 15 países moderadamente polarizados. Nele, todos os continentes estão representados. Alguns dos países estão à beira de entrarem no grupo dos países severamente polarizados, incluindo as grandes economias, como Japão, França, Alemanha e Reino Unido.
Em contrapartida, países com economias menores estão se saindo melhor no gráfico da polarização, como é o caso do Quênia, da Tailândia e da Nigéria.
A seguir, estão listados os países moderadamente polarizados:
- Brasil
- Coreia do Sul
- México
- França
- Reino Unido
- Japão
- Holanda
- Itália
- Alemanha
- Nigéria
- Tailândia
- Quênia
- Canadá
- Austrália
- Irlanda
Países menos polarizados
Os países com as maiores taxas de confiabilidade da população para com as instituições, assim como com perspectivas econômicas justas são os menos polarizados. Vale salientar que essa lista conta com aspectos interessantes e que podem ser um fator analisável: três países não têm o modelo político da democracia e outros países estão em desenvolvimento; a saber:
- Indonésia
- China
- Emirados Árabes Unidos
- Cingapura
- Arábia Saudita
- Malásia
- Índia
Assim sendo, Edelman considera que a polarização é “causa e consequência da desconfiança”, criando um ciclo que se autorrealiza.