Ao cair em um buraco negro, você iria para onde?

Felipe Miranda
Imagem: ESO/L. Calçada

O que acontece se você cair em um buraco negro? Você morre instantaneamente? Vai para outro mundo? Vai para aquela câmara esquisita do filme Interestelar?

Bom, eu posso adiantar uma resposta: ninguém sabe. O que sabemos sobre os buracos negros é tão obscuro quanto eles. Sabemos muito pouco desses misteriosos objetos espaciais.

No entanto, embora não saibamos o que ocorreria com alguém ao cair em um buraco negro (além de morrer) há algumas ideias de o que há além do horizonte de eventos. No entanto, antes de falar sobre isso, precisamos entender melhor esses estranhos objetos.

O que são os buracos negros?

A Teoria Geral da Relatividade de Einstein prevê a existência de buracos negros, embora não os explique muito bem. Após a previsão dos buracos negros, diversos cientistas estudam e teorizam sobre buracos negros. Dois famosos desses cientistas são o físico matemático Roger Penrose e o físico teórico Stephen Hawking.

Há buracos negros de todos os tipos – estelares, intermediários e supermassivos. Essas classificações são de acordo com sua massa. Mas todos eles são objetos semelhantes.

Os buracos negros são, em resumo, um objeto tão massivo que se forma uma singularidade. Ele possui uma densidade infinita e atrai a matéria sem dó para dentro de si.

Se você cair em um buraco negro, você vira um espaguete.

Quasares são objetos muito especiais no espaço. Quando um buraco negro engole uma quantidade de massa muito grande, forma-se, em seu entorno, um disco de acreção. O buraco negro não engole o objeto de uma vez, mas aos poucos. Atraída pelo buraco negro, a matéria no buraco negro atinge uma altíssima velocidade, liberando quantidades de energia literalmente galácticas. Um único quasar pode liberar milhares de vezes mais luz do que a Via Láctea inteira.

Pois então, se você cair em um buraco negro, vai se tornar um espaguete — literalmente. O processo de chama espaguetificação.

Inicialmente, você seria espaguetificado ao cair em um buraco negro.
Estrela sendo espaguetificada por um buraco negro. Imagem: ESO/M. Kornmesser

Ao se aproximar de um buraco negro, você – ou o que sobrar de você, seria espaguetificado. A gravidade de um buraco negro é tão forte, que dois metros de distância dele já são suficientes para a gravidade aumentar imensamente. Portanto, o buraco negro estica a massa que chega perto dele – como faz com as estrelas que se tornam discos de acreção.

E do lado de dentro?

Digamos que você sobreviva à “entrada”. Agora você é um espaguete, e boa parte de sua massa se tornou energia. Mas você está vivo. O que veria?

Bom, só sabemos um pouco sobre os buracos negros em sua parte externa. A singularidade ele é o horizonte de eventos. É nesse ponto que sua densidade é infinita e sua gravidade é imensurável. De lá não há como escapar, e a partir daqui vamos para as suposições.

Em 1964, Igor Novikov teorizou os buracos brancos. Assim como nada entra em um buraco negro, nada sai de um buraco branco. Se você caísse em um buraco negro, poderia ser violentamente expulso em outro ponto do universo por um buraco branco que estaria ligado ao buraco negro. No entanto, os buracos brancos ainda são completamente hipotéticos.

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Imagem: Baperookamo

Outra hipótese é o “firewall”. A gravidade tonaria o horizonte de eventos em uma “parede de fogo” (entre muitas aspas) que te incineraria na hora. Nesse caso, você não iria para lugar algum. O problema do firewall é que por diversos motivos, a hipótese não é compatível com a Relatividade Geral de Einstein, teoria comprovada e cujos cálculos descrevem o universo.

Hawking já postulou também, em 2014 os horizontes aparentes. Seu artigo está disponível do repositório ArXiv. Esses horizontes de eventos aparente reteriam a energia e a matéria engolidos por um tempo e os devolveria ao espaço.

Embora vejamos e estudemos os buracos negros, não sabemos nada do que ocorre abaixo de sua superfície. Tudo gira em torno das hipóteses e, ao que tudo indica, pelo menos em curto prazo não devemos saber muito mais.

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