O vento pode afetar a temperatura e a saúde do corpo humano?

Mateus Marchetto
Imagem: Kanenori / Pixabay

Temperaturas extremas podem levar um animal à morte em poucos minutos. Em um dia frio, precisamos de camadas e camadas de blusas para evitar a perda de calor pela superfície da nossa pele. O vento, contudo, tem um papel essencial nesse resfriamento, e existe até um índice para calcular o seu efeito sobre a pele e o corpo.

O Índice de Resfriamento (ou Wind Chill em inglês) é basicamente uma tabela que relaciona a temperatura do ar à velocidade do vento, e como esses dois fatores podem eventualmente matar um ser humano. Em certos valores de temperatura e velocidade do vento, os tecidos do nosso corpo podem simplesmente começar a congelar após alguns minutos.

Acontece que a temperatura do ar não depende da velocidade do vento propriamente. Na verdade, a temperatura dos gases da atmosfera depende sobretudo da incidência solar ao longo do dia. As variações de pressão na atmosfera causam o deslocamento de massas de ar, o que forma o vento.

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Animais de climas frios, como ursos polares, têm adaptações para proteção contra o resfriamento da pele. Um tecido adiposo rico, pelos grossos e uma pele mais densa estão entre estas adaptações. Imagem: 358611 / Pixabay 

Assim, quanto mais frio o ar, mais rápido nosso corpo tende a perder calor para o ambiente. Rajadas de ar mais fortes e rápidas podem, ademais, acelerar o processo de perda de calor. Ou seja, a velocidade alta do vento pode retirar calor mais eficientemente da pele, como mostra o Índice de Resfriamento.

O corpo humano, nesse sentido, tem uma homeostasia muito delicada. Quando a temperatura corporal cai abaixo dos 35°C, a vítima passa a entrar em um estado de hipotermia. Com ventos de 55km/h e o ar a -15°C, por exemplo, a pele pode atingir temperaturas negativas, e a morte por congelamento ocorre em menos de 30 minutos.

Vento frio pode causar uma gripe ou resfriado?

Sair do banho quente e pegar vento faz mal. Pode causar gripe ou resfriado.

Essas afirmações são extremamente comuns e se relacionam também com a temperatura do corpo e efeito do vento sobre o corpo humano. De fato, o choque térmico pode causar efeitos adversos no corpo. Contudo, não é isso que causa a gripe ou um resfriado.

Quando a temperatura corporal varia muito rápido, há uma diminuição no funcionamento de certas estruturas respiratórias, como os cílios do nariz e da traqueia, que têm a função de limpar o sistema respiratório superior. Além do mais, o choque térmico ao sair de um banho quente pode desencadear crises alérgicas, como de renite, por exemplo.

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Imagem: Mojpe / Pixabay 

Todavia, resfriados e gripes acontecem por ação de um microrganismo vivo, que circula de forma menos dependente da temperatura. Centenas de espécies de vírus causam os resfriados comuns, enquanto mais algumas dezenas podem causar gripes como o H1N1. De forma geral, sair do banho quente e pegar um vento gelado não irá aumentar de forma muito significativa a chance de infecção.

Quando a quantidade de água no ar diminui e as temperaturas sobem, no entanto, microrganismos – incluindo vírus – tendem a se transmitir mais lentamente. Por isso, inclusive, a gripe é sazonal, e a COVID-19 foi pior durante os meses de inverno.

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