O que é um vírus e como ele causa doenças?

Mateus Marchetto
Imagem: kjpargeter / freepik.com

Os vírus são organismos que intrigam pesquisadores e especialistas. Como discutimos aqui no SoCientífica há algumas semanas, existe mesmo um debate para classificar os vírus como seres vivos ou não.

Agora, portanto, vamos entender o que são estes microrganismos e como eles podem eventualmente causar uma patologia.

Mais simples que bactérias

Diferentemente de qualquer outro organismo conhecido, os vírus são acelulares. Ou seja, eles não possuem células de qualquer maneira. Por esse motivo, inclusive, um vírion (unidade infecciosa de um vírus) geralmente é muito menor que uma bactéria. Isso porque as bactérias são organismos procariotos – sem envoltório nuclear – e unicelulares – com apenas uma célula.

Assim, um vírion tem quatro componentes principais: material genético, capsídeo, envelope e glicoproteínas superficiais.

O material genético de um vírion é composto da mesma forma que qualquer outro ser vivo. Algumas espécies de vírus, contudo, podem ter DNA, como a família dos adenovírus, enquanto outros têm RNA, como é o caso do HIV.

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Imagem James Gathany, Judy Schmidt, USCDCP / Pixnio

Já o capsídeo é um envoltório feito de proteínas que basicamente protege o material genético até que ele entre em alguma célula – como veremos mais à frente.

O envelope e as glicoproteínas são intimamente ligados e muitos vírus não possuem essas duas estruturas. O envelope funciona como uma membrana biológica e as glicoproteínas servem como fatores de virulência.

Em princípio, as duas últimas estruturas facilitam a entrada do vírus na célula parasitada. Ambas são, inclusive, formadas e roubadas destas células que sofrem a ação do vírus.

Vírus são piratas celulares

Uma vez que estes microrganismos não possuem células, eles também não têm metabolismo próprio. Ou seja, eles não têm organelas para a produção de energia ou respiração. Assim, os vírions são unidades biológicas que ficam à deriva no ambiente.

Ao menos isso é o que acontece até eles entrarem em contato com uma célula compatível. Quando isso acontece, o vírus consegue entrar na célula hospedeira sem ser destruído. Isso porque diversos mecanismos evolutivos permitem que essa entrada passe despercebida pelas defesas da célula.

Uma vez dentro do hospedeiro, após atravessar a membrana plasmática, o vírus irá liberar seu material genético, que irá codificar a formação de novos microrganismos iguais. A síntese de novas partículas virais é tão intensa que muitas vezes a célula hospedeira explode, liberando milhões de vírions no ambiente. cada um destes milhões irá infectar outras células se puder.

A maioria destes microrganismos, contudo, não causa doenças em seres humanos. No geral eles parasitam bactérias, algas, plantas, fungos e praticamente qualquer organismo no planeta a não ser eles mesmos. Quando uma espécie é capaz de parasitar células humanas, contudo, a destruição destas células leva ao desenvolvimento de uma patologia.

O já citado HIV, por exemplo, ataca os linfócitos T do sistema imune, causando a imunodeficiência. O SARS-CoV-2 destrói os pneumócitos, que são um tipo celular do pulmão, o que leva à insuficiência respiratória.

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Imagem: Wilfried Pohnke / Pixabay 

Além do mais, os vírus são os organismos mais abundantes e diversos do planeta. Estimativas apontam que podem existir 10 trilhões de espécies deles. Isso levaria a um número de indivíduos perto de dez nonilhões (10 seguido de 31 zeros) destes microrganismos na Terra.

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