Novo vírus, além da humanidade, ameaça diversidade marinha

Mateus Marchetto
Imagem: mikakaptur /Pixabay

Os morbillivirus são um grupo de vírus que podem causar doenças em diversos animais. Um microrganismo deste gênero, por exemplo, causa o sarampo em seres humanos. Acontece que cientistas acabam de descobrir um novo vírus do gênero que pode causar morte em massa de cetáceos.

Ainda em 2018, pesquisadores resgataram o corpo de um golfinho-de-fraser que apareceu morto nas praias do Havaí. Aparentemente o animal não tinha ferimentos e parecia ter morrido de causas naturais. Ainda assim, especialistas da Universidade do Havaí em Mānoa conduziram uma autópsia no golfinho para identificar a real causa da morte.

Surpreendentemente, de acordo coma pesquisa publicada no Scientific Reports, a equipe identificou uma espécie completamente nova de morbillivirus, que foi inclusive a causa da morte do golfinho. O ponto preocupante é que o novo vírus pode ter potencial para devastar uma parte significativa da biodiversidade de cetáceos do Pacífico.

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Imagem: ldigo / Pixabay 

Um morbillivirus semelhante, por conseguinte, causou a morte de mais de 200 golfinhos no Brasil, e outros 50 na Austrália, em 2013. Isso deixou, portanto, as autoridades em alerta para um possível surto nas populações de golfinhos e baleias ao redor do planeta.

“[Isso] é também significante para nós aqui no Havaí, pois temos várias outras espécies de golfinhos e baleias – em torno de 20 espécies que chamam o Havaí de lar – que podem também ser vulneráveis a um surto deste vírus.” Assim afirma Kristi West, autora principal da pesquisa.

Controle do novo vírus

De acordo com pesquisadores, apenas em torno de 5% de todos os golfinhos que morrem nas águas do Havaí acabam recuperados por autoridades. Por esse motivo, aliás, é muito difícil estimar a distribuição do vírus e sua real ameaça.

Ademais, os golfinhos-de-fraser, assim como a maioria das outras espécies de cetáceos, são animais altamente sociais e convivem de forma bastante próxima com seus grupos e mesmo com outras populações de cetáceos. Assim como acontece com microrganismos transmitidos pelo ar, portanto, a transmissão fica muito mais fácil conforme a maior proximidade.

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Imagem: AJRPROJ / Pixabay 

Além disso, os golfinhos são também espécies migratórias que podem ir e vir do mar aberto, possivelmente carregando novas doenças para a costa ou as levando para outros lugares. Um surto de um novo vírus pode, portanto, facilmente se espalhar para populações fora das águas havaianas, mais ou menos como ocorre também com vírus humanos.

No momento, todavia, pesquisadores precisam de mais estudos, monitoramentos e evidências para entender o impacto real do novo vírus nos golfinhos.

A pesquisa está disponível no periódico Scientific Reports.

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