O que são as formas estranhas que aparecem em nossa visão?

Mateus Marchetto
Imagem: Centro Especializado da Visão

A cena é a seguinte: você rapidamente olha para o sol, ou qualquer outra fonte de luz. Nos próximos momentos, você começa a ver formas estranhas na sua visão, como pequenas minhocas flutuando. Quando você tenta focar sua visão nestas formas, é impossível.

O caso descrito acima frequentemente acontece no dia-a-dia, como dito, ao se olhar para superfícies claras de uma mesma cor. Essas formas estanhas são, por conseguinte, bastante conhecidas, e recebem até um nome em latim: Muscae volitantes, ou moscas que voam.

Sem pânico, não há moscas flutuando dentro dos seus olhos, apesar dessa ser às vezes a sensação. Essas formas estranhas que se formam na vista são, na verdade, grumos de proteínas, células e outras partículas que estão circulando dentro dos nossos olhos.

Acontece que os olhos humanos possuem o vítreo, uma substância gelatinosa que preenche nossos olhos. Nesta substância, que fica entre a retina e a pupila, os Muscae volitantes podem ficar suspensos, formando uma sombra sobre a retina.

Isso faz com que nós percebamos essas partículas de forma bastante sutil. Ademais, ao mover seu olho para tentar focar nas formas estranhas, o vítreo se desloca, geralmente fazendo as formas saírem do campo de visão também. Daí a frustração de tentar identificar os objetos estranhos.

Outro fenômeno da visão igualmente bizarro

Além do vítreo, o olho possui diversos vasos sanguíneos para a circulação de oxigênio e nutrientes. Esses vasos são muito pequenos, contudo, e frequentemente os glóbulos brancos podem dificultar o trânsito de sangue.

Ao olhar para uma superfície azul – como o céu num dia limpo – é possível ver pequenas bolinhas brancas se movimentando rapidamente, às vezes seguidas por riscos pretos. Esses padrões acontecem pela movimentação dos glóbulos brancos seguidos por hemácias congestionadas dentro dos vasos do olhos.

O fenômeno de Muscae volitantes, portanto, acontece dentro do olho. Esse segundo caso acontece dentro da própria retina e recebe o nome altamente complexo de “Fenômeno Entóptico de Campo Azul.”

Apesar de causar estranhamento, nenhum dos fenômenos é uma condição patológica da visão. Na verdade ambos são bem comuns e diminuem conforme nosso cérebro se acostuma a ignorar as formas estranhas flutuantes na visão.

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Imagem: TED-Ed / Youtube

Acontece que a plasticidade do cérebro permite com que a informação de que estas formas estão lá seja simplesmente ignorada pelo nosso sistema nervoso. Isso poupa quantidades de desconforto e confusão que consumiriam uma energia essencial da massa cinzenta.

Ainda assim, em alguns casos, as formas presentes no campo de vista podem ficar tão grandes a ponto de atrapalhar a observação normal. Nessa situação, a busca por tratamento é bastante recomendada. Nesse caso, os grumos de células e proteínas podem estar crescendo por extravasamento dos vasos sanguíneos, por exemplo.

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