O que há atrás de um buraco negro? Suposições além da ficção científica

Matheus Gouveia
(Imagem: PatinyaS/Adobe Stock)

Buracos negros são objetos de grande mistério e fascínio para os cientistas, pois parecem desafiar as leis da física. Hoje sabemos que a existência deles não é mera ficção científica. Portanto, uma das perguntas que mais intrigam os astrofísicos é: o que há atrás de um buraco negro?

Atrás do buraco negro (e além)

Para os físicos, a ideia de que você pode passar por um buraco negro parece apenas fantasia. Infelizmente, devido à enorme gravidade, qualquer pessoa que se aproximasse de um seria feita em pedaços.

Ao passar pelo objeto, os cientistas dizem que um corpo seria sujeito à “espaguetificação”, que é a sua redução a fios de átomos; assim, o objeto seria totalmente esmagado.

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Apesar de que os cientistas dizem ser impossível passar por um buraco negro e sair ileso, eles continuam especulando sobre o que teria além do misterioso objeto. Então vamos dar uma olhada no que os cientistas supõem que exista atrás:

1. Passagem para outras galáxias

passagem buraco de minhoca

Ao longo dos anos, os cientistas investigaram a possibilidade de que os buracos negros sejam buracos de minhoca para outras galáxias.

Essa ideia já existe há um bom tempo. Em 1935, Einstein se juntou a Nathan Rosen para teorizar pontes que conectam dois pontos diferentes no espaço-tempo. Mas na década de 1980, o físico Kip Thorne levantou uma discussão sobre se os objetos poderiam viajar fisicamente através deles.

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Mas não parece provável que existam buracos de minhoca. Os especialistas dizem que não observamos objetos em nosso universo que possam se tornar buracos de minhoca à medida que envelhecem. O físico Thorne disse  que, por enquanto, as viagens por esses túneis permanecem na ficção científica.

2. Leva a um buraco branco

Agora, se a passagem para outras galáxias – ou até para outros universos – for possível, certamente deve haver algo oposto ao buraco negro no outro lado. Ao contrário de um buraco negro, um buraco branco permitiria que a luz e a matéria escapassem, mas não que entrassem.

A teoria do buraco branco foi publicada pelo cosmologista russo Igor Novikov em 1964. Ele propôs que um buraco negro se conecta a um buraco branco que existe no passado.

Os cientistas continuam a estudar a potencial conexão entre buracos negros e brancos. Em novas pesquisas, físicos encontraram uma métrica que satisfaz as equações de Einstein além de uma região finita do espaço-tempo. Nessa região, a matéria colapsa em um buraco negro e, em seguida, emerge de um buraco menor.

Em outras palavras, todo o material que os buracos negros “engolem” pode ser expelido, e assim os buracos negros podem se tornar buracos brancos.

3. Não leva a lugar nenhum

Isso mesmo, o buraco negro poderia não levar a lugar nenhum, afinal. Essa é a chamada “hipótese do firewall do buraco negro”. Ela diz que a mecânica quântica poderia transformar o horizonte de eventos em uma “parede gigante de fogo” e qualquer coisa que entrasse em contato queimaria imediatamente. Ou seja, os buracos negros não levariam a lugar nenhum, já que nada poderia entrar.

O problema nisso é a violação à teoria geral da relatividade de Einstein. Além disso, a hipótese poderia minar a teoria quântica de campos ou sugerir que informações podem ser simplesmente perdidas.

Buracos negros são reais?

Pouco se sabe que a ideia do buraco negro surgiu ainda no século XVIII. Em 1783, o geólogo inglês John Michell propôs a existência de um corpo tão massivo que nada poderia escapá-lo. No entanto, o conceito só foi formalizado após a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, publicada em 1915.

Logo após a publicação do artigo, em 1916, o matemático Karl Schwarzchild resolveu as equações contidas na teoria e chegou a um resultado intrigante.

De acordo com seu estudo, deveria haver um objeto tão denso que criaria um campo gravitacional gigantesco. Além disso, próximo à sua superfície, esse campo tenderia ao infinito. Sendo assim, nada, nem mesmo a luz poderia escapá-lo, portanto o objeto – praticamente um buraco – deveria ser negro. Daí surgiu o nome: Buraco Negro.

Só na década de 30 surgiu a ideia de que os buracos negros poderiam ser resultado de estrelas que entram em colapso. Em 1973, astrofísicos sugeriram a descoberta do primeiro buraco negro, que se tratava de um astro capaz de emitir raios X.

Foi apenas mais recentemente, em 2016, que os cientistas divulgaram a detecção das primeiras ondas gravitacionais – um fenômeno previsto pela relatividade geral. Essa seria então uma importante evidência para a existência desses objetos fascinantes.

fotografia buraco negro

Por fim, em 2019, os cientistas conseguiram tirar a primeira fotografia de um buraco negro. Depois de muito trabalho duro, com a tecnologia de observação sendo levada ao limite, os cientistas conseguiram obter a imagem histórica. O buraco negro em questão é o chamado Messier 87, ou M87.

Com informações de Live Science.

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