O que é a Web3, tendência que prevê grandes mudanças na internet?

Felipe Miranda
Imagem: The World Economic Forum

Em 2006, o jornalista John Markoff publicava no jornal estadunidense The New York Times um texto em que dividia a internet em algumas etapas. No texto, o jornalista falava sobre uma Web 3.0 que deveria surgir. Foi isso o que iniciou uma popularização do termo Web 3.0. Mais tarde, a Web3 também começou a surgir.

[Diferente do que o nome faz pensar, a Web3 não é uma atualização ou um substituto do sistema Web (World Wide Web) — a Rede Mundial de Computadores, que surgiu a partir de ideias a partir dos anos 1980 no laboratório do CERN. A Web3 é, na verdade, mais um movimento em busca de um novo ecossistema, uma nova maneira de pensar na internet.

Primeiro, vamos entender alguns conceitos e separá-los para não haver confusão.

Web semântica

Em 2001, Tim Berners-Lee, tido como criador da Web e diretor do World Wide Web Consortium (W3C) [consórcio internacional que supervisiona e mantém padrões na Web], publicou junto a James Hendler e Ora Lassila um artigo na revista Scientific American descreve o conceito de Web Semântica.

“A Web Semântica trará estrutura ao conteúdo significativo das páginas da Web, criando um ambiente onde os agentes de software em roaming de página para página podem prontamente realizar tarefas sofisticadas para os usuários. Tal agente que chega à página da Web da clínica saberá não apenas que a página tem palavras-chave como “tratamento, medicina, fisioterapia, terapia” (como pode ser codificado hoje), mas também que o Dr. Hartman trabalha nesta clínica às segundas, quartas e sextas-feiras e que o script leva um intervalo de datas no formato aa-mm-dd e retorna os horários das consultas. . E “saberá” tudo isso sem precisar de inteligência artificial na escala do Hal de 2001 ou do C-3PO de Star Wars. Em vez disso, essas semânticas foram codificadas na página da Web quando o gerente do consultório da clínica (que nunca tomou o Comp Sci 101) massageou-a em forma usando software pronto para uso para escrever páginas da Web Semântica, juntamente com recursos listados no site da Associação de Fisioterapia”, descreve o artigo.

“A Web Semântica não é uma Web separada, mas uma extensão da atual, na qual a informação recebe um significado bem definido, permitindo que computadores e pessoas trabalhem em cooperação”, conceitua o trio.

As diferentes fases da Web

  • Web 1.0: Nessa fase, a Web permitia apenas a leitura. Eram sites extremamente simples. Em 1992, havia apenas 10 sites, já que a Web ainda não possuía domínio público, fato que mudou rapidamente. Em 1994, já haviam mais de 3 mil sites na Web.
  • Web 2.0: Com a criação de sites mais interativos, redes sociais, blogs e coisas semelhantes, toma corpo a Web 2.0. Nessa nova fase, cujo termo foi popularizado por Tim O’Reilly em 2004, inicia-se a Web como conhecemos hoje.

Web 3.0 e Web3

Web3 e Web 3.0 não são exatamente sinônimos.

A Web 3.0 entra dentro daquele conceito citado de Web Semântica; é uma nova etapa da Web ainda baseada na versão de Berners-Lee. Trata-se de uma etapa onde tudo está ligado no nível dos dados. Nesse ambiente, as informações estariam armazenadas em bancos de dados chamados Solid Pods – locais centralizados onde usuários individuais podem ter seus “pen drives” digitais.

Nesse caso, suas informações estariam mais seguras no que na Web 2.0. Além disso, você poderia vincular suas informações entre perfis de diferentes contas diferentes e ao alterar uma informação em um deles, todas se alterassem. É uma Web com uma integração de dados muito maior. A Web3 é a web semântica.

A Web3 já segue um caminho diferente: o blockchain. Recentemente, o investidor Packy McCormick definiu a Web3 como “a internet de propriedade dos construtores e usuários, orquestrada com tokens”, conforme o NY Times.

Esse mundo da Web3 sai da simples maior integração de dados para um mundo de blockchain, criptomoedas e plataformas NFT. Na Web3 ideal, tudo é descentralizado, sem a presença de intermediários. A onipresença do blockchain tornaria os dados ainda mais seguros.

De certa forma, a Web como conhecemos hoje é, essencialmente, pautada na descentralização. Ela está abrigada por todo o mundo; não há um local onde a internet está. Mas ainda há uma centralização na mão das Big Techs. Por exemplo, para monetizar seu site ou app, o google tem um grande monopólio em mãos com o AdSense. A Web3, idealmente, tiraria isso das mãos das Big Techs e você poderia criar maneiras próprias de monetizar seu conteúdo.

Na Web3 ideal, você é dono de seus dados e como eles serão utilizados. Não há permissões – você decide. Se é uma utopia ou não, o futuro nos mostrará em mais detalhes.

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