O dia que Stalin mandou matar seu amigo pedófilo

Giovane Sampaio

Avel Enukidze, o primeiro pedófilo conhecido na história soviética a ocupar uma alta posição no partido, foi capturado e executado em 1937. É reconhecido por ser a única figura soviética desse rank que foi oficialmente acusado de seduzir menores.

Avel era amigo de Stalin e sempre esteve próximo dos meios que levaram à revolução. Somando-se a isso, ele também foi o padrinho da primeira esposa de Stalin e era considerado da família.

No Kremilin, uma das tarefas de Avel era resolver os problemas econômicos dos habitantes do alto escalão – ter sempre caviar fresco, bons vinhos, etc., assim como proporcionar aos seus camaradas mulheres bonitas, tarefa pela qual ele era especialmente ‘amado’. Ele próprio não se importaria de participar de orgias. Com tamanho poder em mãos, ele percebeu que poderia escolher a mulher que quisesse, inclusive para si.

Segundo Trotsky, antes de assumir seu cargo de gerente, Avel era tímido e modesto. Era difícil não só suspeitar dele em orgias, mas até mesmo assumir que este homem tinha uma vida pessoal. Geralmente ele contratava mulheres leais e complacentes ao molestamento praticado. Ele selecionava somente mulheres que possuíam filhas adolescentes bonitas.

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Segundo o testemunho do irmão da primeira esposa de Stalin, Maria Svanidze, a cada ano Avel Enukidze ia buscar meninas mais jovens, até chegar às meninas de 9 a 11 anos, corrompendo a imaginação delas e as molestando.

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Teatro Bolshoi com os retratos de Lenin e Stalin, 1947.

Mikhail Kalinin, membro Comitê Central do Partido Comunista da União dos Bolcheviques, que era muito influente na época, também era conhecido por “lascivo”. A partir de 1922 ele e Avel supervisionaram o Teatro Bolshoi. Isto teve um impacto positivo na instituição: os salários dos artistas aumentaram, o pessoal do teatro teve a oportunidade de ser tratado no hospital do Kremlin, bem como o direito de receber alojamento fora do horário.

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Avel e Mikhail aproveitaram as benfeitorias realizadas para exigirem gratidão. Eles gostavam de ter “espetáculos” de bailarinas. As meninas tinham que ir a um escritório especial e dançar nuas para os líderes das festas. Acontecia muito mais do que danças no escritório. Algumas garotas não se importavam: era ‘útil para a carreira’.

Avel, no início, convidava somente mulheres maturas, consideradas maiores de idade na época, para participar desses eventos lascivos. Mas, depois de um tempo, e notando que suas ações não tinham nenhuma péssima repercussão no Kremilin, ele começou a envolver crianças.

Em 1935, contudo, começou a limpeza em massa de pedófilos. Os anos 20 podem ser chamados de revolução sexual: pessoas saem nuas em desfiles, trocam de parceiros, envolvem menores em orgias, etc. Nos anos 30, o Partido Comunista voltou-se para a moralidade familiar e a moralidade sexual. E os olhos do alto escalão voltaram-se às preferências de Avel. Apesar de não repercutido, todos sabiam o que ele fazia. Ele foi acusado e e demitido de seu posto – foi enviado para um posto de menor reconhecimento – no Departamento de Transporte Rodoviário em Kharkov. Mas não ficou muito tempo no cargo e foi preso. 

Um parente de Stalin, no julgamento, testemunhou que Avel era “depravado e voluptuoso”, que ele realmente gostava de destruir famílias e seduzir meninas. Ela também disse que nos primeiros anos após a revolução, ele usou seus recursos e poderes para comprar mulheres e meninas.

A acusação, contudo, se concentrava em má conduta política e conspiração. As acusações de pedofilia ficaram restritas às autoridades da época e permaneceram em segredo. Mas já sabendo do que Avel era acusado, em outubro de 1937 Stalin assinou uma ordem para a execução dele, que foi cumprida pouco tempo depois.

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