Cientistas descobriram um planeta do tamanho da Terra com período de translação de 3,14 dias – próximo à constante matemática pi (π). Devido a essa característica, o planeta foi apelidado de “planeta pi”.
Os primeiros sinais do planeta foram coletados em 2017, durante a missão K2 da NASA, com o Telescópio Kepler.
“Planeta pi” confirmado depois de 3 anos
O novo planeta descoberto se chama oficialmente K2-315b e ele está a 186 anos-luz da Terra. Os pesquisadores o detectaram em 2017, mas a confirmação de que realmente é um planeta aconteceu somente em 2020.
Os pesquisadores do MIT estimam que ele tenha um raio próximo ao da terra – cerca de 0,95 do raio do nosso planeta. No entanto, ele orbita uma estrela fria e pequena, com aproximadamente um quinto do tamanho do sol. O ano do planeta dura 3,14 dias terrestres, e gira a uma alta velocidade de 81 km/s. Isso corresponde a cerca de 2,7 vezes a velocidade da terra – 30 km/s. É o que revelou um artigo publicado no Astronomical Journal intitulado “π Earth” (Terra pi).
Os cientistas suspeitam que K2-315b seja um planeta com superfície terrestre, como a Terra. Mas o planeta pi provavelmente não é habitável, pois o planeta se aproxima muito de sua estrela, durante o curso da órbita. Dessa forma, a temperatura da superfície do planeta pode chegar até por volta de 180 °C.
Um dos autores do estudo, Prajwal Niraula, disse que isso impediria o planeta de ser habitável.
Mas além da curiosa relação com a constante matemática pi, o planeta pode ser interessante também para futuros estudos de atmosfera.
Como eles detectaram o curioso planeta
Os pesquisadores são membros da “Pesquisa por planetas habitáveis eclipsando estrelas ultrafrias” ou SPECULOOS. O projeto tem a finalidade de encontrar planetas semelhantes à Terra em torno de anãs ultrafrias que estejam próximas. Essas são estrelas pequenas e fracas que oferecem aos astrônomos uma chance melhor de localizar um planeta em órbita e caracterizar sua atmosfera.
Assim, eles contam com quatro telescópios que varrem o céu do deserto do Atacama, no Chile. Recentemente, a rede adicionou um quinto telescópio, chamado Artemis – um projeto que foi liderado por pesquisadores do MIT.
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Ao longo de vários meses em 2017, o telescópio Kepler observou uma parte do céu que incluía a anã fria rotulada como EPIC 249631677. Niraula encontrou um padrão de cintilante na luz desta estrela, que se repetia a cada 3,14 dias.
A equipe portanto analisou os sinais, testando potenciais cenários para a origem deles, e disse que vinham provavelmente de um planeta.
Os pesquisadores então planejaram dar uma olhada mais de perto na estrela. Logo, eles apontaram os telescópios do SPECULOOS na direção da estrela e conseguiram ver três trânsitos claros: dois com os telescópios da rede do Hemisfério Sul e o terceiro com Artemis, no Hemisfério Norte.
Então, em setembro de 2020, a equipe finalmente confirmou que, de fato, os sinais vinham de um planeta, usando a rede de telescópios.