Novo dinossauro brasileiro é anunciado pelo Museu Nacional

Mateus Marchetto
Imagem: Museu Nacional

Após quase 10 anos, pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro descrevem uma nova espécie de dinossauro brasileiro. Os fósseis foram escavados entre 2011 e 2014 na cidade de Cruzeiro do Oeste, a 530km de Curitiba, no Paraná. Em um conjunto de três homenagens, o dino recebe o nome de Berthasaura leopoldinae.

O novo dinossauro brasileiro tem várias peculiaridades, o que torna a descoberta especialmente relevante. Primeiro, o fóssil do B. leopoldinae é um dos mais completos do período Cretáceo encontrados no país. Segundo os responsáveis pela pesquisa dos fósseis, ademais, o dino viveu entre 70 e 80 milhões de anos atrás.

Além disso, o B. leopoldinae é a primeira espécie edêntula da América do Sul. Ou seja, o pequeno dinossauro não tinha dentes. Sua mandíbula era, portanto, terminada em um bico, e ainda não se sabe se o dino era herbívoro, carnívoro ou onívoro.

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Imagem: Divulgação/Museu Nacional

De acordo com um dos pesquisadores responsáveis pelo fóssil, Luiz Weinschütz, à CNN, a presença do bico córneo gera muitas perguntas sobre o dino.

“Qual seria a dieta? É importante salientar que o fato de ser edêntula não significa que ela não seria capaz de comer carne. Gaviões e corujas não têm dentes e conseguem dilacerar carne com facilidade. É mais provável que fosse um animal onívoro, dado o ambiente em que vivia. Era árido, deserto, com escassez de recursos nutricionais, o que seria muito vantajoso, já que a próxima alimentação poderia demorar meses”, afirma Weinschütz.

Segundo pesquisadores, como dito acima, o dinossauro habitava regiões desérticas, com regiões preservadas de vegetação. Isso pode ter ajudado, inclusive, na preservação tão completa do fóssil.

Homenagens no nome do novo dinossauro brasileiro

O nome da espécie, em Latim, Berthasaura leopoldinae, carrega três homenagens. A primeira delas é a uma das maiores biólogas, políticas e ativistas de direitos femininos do Brasil, Bertha Lutz. Bertha foi secretária do Museu Nacional do Rio de Janeiro, além de pesquisadora como seu pai, Adolfo Lutz.

Vale comentar que o epíteto genérico Berthasaura carrega a conotação feminina, algo bastante raro na classificação de animais.

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Imagem: Divulgação/Museu Nacional

A professora Marina Bento Soares, orientadora permanente do Patrimônio Geopaleontológico (PPGeo) do Museu Nacional define, em entrevista ao G1, as homenagens presentes no nome do animal:

“Bertha Lutz, eminente pesquisadora brasileira, com história intimamente ligada ao Museu Nacional; Maria Leopoldina, esposa de Dom Pedro I e papel-chave no Museu Nacional, além de um papel importante como incentivadora das ciências naturais. E também à escola de samba imperatriz leopoldinense, que nos honrou com o desfile de 2018; Uma Noite Real no Museu Nacional.”

O Berthasaura leopoldinae, por conseguinte, provavelmente tinha em torno de 1 metro de comprimento e 80cm de altura. O peso ainda não foi estimado, mas é provável que fosse em torno de 10kg.

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