Nova evidência revela que Pterossauros também se alimentavam de plantas

Um estudo recente divulgado na revista Science Bulletin trouxe evidências que finalmente confirmam uma antiga suspeita: os pterossauros, répteis voadores pré-históricos, também incluíam plantas em sua alimentação.

Há cerca de 120 milhões de anos, um pterossauro caiu sobre um lago raso no nordeste da China e ali ficou preservado sob camadas de sedimento. Milhões de anos depois, seu fóssil revelou algo extraordinário: o primeiro registro de um pterossauro com restos de plantas no estômago — uma descoberta que está mudando o que se sabia sobre a dieta desses antigos répteis voadores.

“É um achado que acontece talvez uma vez a cada século”, comenta David Martill, paleontólogo da Universidade de Portsmouth, que não participou do estudo à Science. Segundo ele, as novas evidências constituem uma prova definitiva de que alguns pterossauros eram herbívoros, desafiando a antiga visão de que esses animais alados eram exclusivamente carnívoros.

Até então, acreditava-se que os pterossauros se alimentavam apenas de presas animais — como peixes, insetos e pequenos répteis. Os poucos fósseis com conteúdo estomacal conhecidos pertencem ao gênero Rhamphorhynchus e confirmam uma dieta baseada em peixes. Mesmo assim, alguns especialistas já haviam sugerido, com base em aspectos anatômicos como o formato e o tamanho dos bicos, que certas espécies poderiam ter consumido plantas. Os tapejarídeos, por exemplo, não possuíam dentes e apresentavam bicos semelhantes aos dos papagaios, o que indicava uma possível adaptação para triturar frutas, sementes e nozes. No entanto, até esta descoberta, tais hipóteses permaneciam sem confirmação direta.

Ao analisar o fóssil, a equipe de pesquisa encontrou centenas de fitólitos — minúsculos cristais minerais formados nas células das plantas — preservados no estômago do pterossauro. Esses vestígios, antes observados apenas em dinossauros herbívoros, fornecem a primeira evidência direta de que algumas espécies de pterossauros também se alimentavam de vegetais.

Os fitólitos indicam o consumo de plantas lenhosas, possivelmente com flores ou coníferas, e abrem novas perspectivas para compreender o comportamento alimentar desses animais extintos.

 “Acredito que nosso estudo abre uma nova janela com diversas possibilidades para entender melhor os animais extintos, incluindo seu comportamento alimentar”, afirma o coautor do estudo Alexander Kellner, paleontólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro à Science.

Os pesquisadores destacam que, a partir de agora, a possibilidade de herbivoria precisa ser incorporada às análises sobre esses répteis voadores. Embora identificar a origem exata dos fitólitos seja um desafio, os encontrados nesse exemplar parecem vir principalmente de plantas lenhosas, com indícios também de espécies com flores e coníferas.

 “Acredito que nosso estudo abre uma nova janela com diversas possibilidades para entender melhor os animais extintos, incluindo seu comportamento alimentar”, afirma o coautor do estudo Alexander Kellner, paleontólogo da UFRJ à Science.