Durante a década de 1930, uma tábua de pedra foi enviada de Nazaré ao Museu do Louvre, em Paris. Após sua tradução, objeto se tornou o foco de estudiosos religiosos e arqueólogos bíblicos depois que sua inscrição foi traduzida do grego. As inscrições da tábua foram consideradas um aviso para manter ladrões de sepulturas longe dos túmulos. A laje foi obviamente anunciada como evidência do corpo de Jesus ter desaparecido de seu túmulo após a ressurreição bíblica. Entretanto a verdadeira natureza da chamada Inscrição de Nazaré tem sido discutida desde então.
A Inscrição de Nazaré pode não estar ligada a Jesus
Um artigo recém publicado no Journal of Archaeological Science apresenta os resultados da análise química da laje de pedra, o que sugere muito mais para a Terra e menos origem celestial, sugerindo que a pedra de fato pode ter sido encontrado em Nazaré, mas que tinha sido esculpida após ilhéus gregos vandalizaram o túmulo de um governante que morreu décadas antes de Jesus e em outra localização.
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A inscrição da pedra é um “édito de César” grego, que ameaça a pena capital para ladrões de túmulos e não menciona pessoas ou lugares pelo nome. A análise química da tábua de mármore de aproximadamente 2.000 anos de idade, levou os pesquisadores a esclarecer algumas das inconsistências na história do artefato. Seus resultados sugerem uma “origem muito menos bíblica”.
De acordo com o estudo, os pesquisadores extraíram uma pequena amostra do lado oposto da tábua para análise química. Os resultados determinaram que o objeto não correspondia a nada encontrado no Oriente Médio. Mas seu material era consistente com o tipo de rocha encontrada na ilha grega de Kos. Isto significa que é altamente improvável que a tábua tenha se originado ou tenha sido inscrita em Nazaré.
O túmulo de um tirano
Considerando a data em que a Inscrição de Nazaré foi esculpida e os novos dados geográficos que indicam que o artefato veio da ilha de Kos, o novo artigo sugere que ele foi inscrito em resposta à “morte de Nikias”, que foi registrada como governante “tirano” de Kos durante os anos 30 AEC, de acordo com um relatório da Science News.
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Um antigo poema grego conta que, depois que o governante desonrado Nikias foi enterrado, seus antigos súditos arrancaram seu corpo do túmulo e espalharam seus ossos. Acredita-se que, em resposta a esse ato, o primeiro imperador romano, Augusto, possivelmente ordenou a criação da tábua para restabelecer a ordem no Mediterrâneo oriental.
A equipe de pesquisa afirma que, não há 100% de certeza de que o inscrito esteja relacionado ao imperador Nikias, entretanto esta é a melhor explicação com base nas evidências encontradas.
O arqueólogo Robert Tykot, da Universidade do Sul da Flórida, possui uma outra visão dos fatos. Ele disse à Science News que o artefato pode ter sido inscrito por um “falsificador bem informado no século 19”, pouco antes de ser adquirido pelo colecionador francês, Wilhelm Froehner, em 1878, que o enviou de Nazaré a Paris, sem fazer menção a origem da tábua.
O novo estudo que apresenta a análise química da Inscrição de Nazaré, foi publicado no Journal of Archaeological Science, clique aqui para acessá-lo.