Pesquisadores identificaram uma espécie de jararaca completamente nova, pertencente a uma linhagem inédita. Essa mesma linhagem, de acordo com um novo estudo, esteve isolada pelos últimos 8 milhões de anos.
A Bothrops jabrensis, de acordo com a pesquisa publicada no Canadian Science Publishing, tem diversas semelhanças com espécies de jararacas de regiões próximas. No entanto, a análise filogenética e morfológica da cobra – encontrada em 2016 – mostrou diversas particularidades do animal.
Essas particularidades, confirmadas por especialistas do Instituto Butantan, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mostraram uma espécie de jararaca completamente nova.
Pesquisadores da UFPB encontraram esta nova jararaca no morro mais alto da Paraíba, o Pico do Jabre. A montanha fica no bioma da Caatinga e tem 1.197 metros de altura. De acordo com a pesquisa, é provável que o isolamento geográfico tenha tido um papel importante na formação de uma nova linhagem de jararacas.
Ao G1, o pesquisador e autor Fausto Erritto Barbo afirma:
“No decorrer da história, houve uma série de expansões e retrações florestais, provocadas por fenômenos climáticos, como as glaciações, por exemplo. Em meio à essas mudanças, as áreas abertas e secas se expandiam, e isolavam as porções mais altas de florestas, que devido à altitude e clima, permaneciam praticamente inalteradas até os dias de hoje”
Espécie de jararaca recém descoberta e, provavelmente, quase extinta
De acordo com a nova pesquisa que descreve a Bothrops jabrensis, é muito provável que o animal seja uma espécie endêmica. Ou seja, que ela exista apenas nos arredores do Pico do Jabre e em nenhum outro lugar do planeta.
Quanto menor a abrangência de uma espécie endêmica, mais sensível ela é a mudanças ambientais. Quando há a destruição de hábitats ou poluição de ambientes, por exemplo, uma espécie com poucos indivíduos sofre muito mais o efeito do que espécies abundantes.
Além do mais, é provável que a B. jabrensis esteja isolada também geneticamente. Isso porque populações de animais dependem de variabilidade genética para manter a estabilidade da população. Com menos indivíduos, a população – e a espécie nesse caso – ficam mais vulneráveis.
O autor Marco Freitas explica: “Infelizmente, as espécies endêmicas de áreas muito reduzidas acabam se enquadrando em algum grau de ameaça de extinção, pois apresentam populações naturalmente reduzidas, estão isoladas geneticamente e geralmente ocorrem em áreas com intensas atividades e perturbações antrópicas.