Para começar, precisamos definir o que queremos dizer com “a Terra”. Talvez você não considere isso com frequência, mas há uma grande parte da atmosfera que realmente faz parte do nosso planeta.
O fato de que a porção do nosso planeta acima de nós é gasosa e as coisas abaixo de nós são sólidas é apenas um acaso de nossa densidade. Se fôssemos feitos de hélio, por exemplo, estaríamos todos flutuando e raramente nos incomodando com o material sólido abaixo de nós. Além disso, todos concordam que Júpiter é um planeta massivo, embora em grande parte seja composto por gás.
Dito isto, não é fácil escolher uma extremidade satisfatória da atmosfera para definir a forma do planeta. Outra possibilidade seria usar a superfície do solo (elevação / profundidade do fundo do mar), contudo este aspecto sempre sofre alterações, quando ocorrem um deslizamento de terra ou erupção vulcânica.
A forma esférica da Terra
Dessa forma, escolhemos uma superfície mais intuitiva para explorar a forma da Terra: o nível do mar. Esta é uma boa referência, porque a água flui para que sua superfície fique “plana” em relação à direção da gravidade.
Exemplificando, o líquido em sua xícara de café não pode acumular-se de um lado, porque a gravidade o puxará para baixo até que nenhum ponto seja maior que outro. Embora isso faça as coisas parecerem planas em pequena escala, já que a força da gravidade em ambos os lados da xícara aponta quase exatamente na mesma direção, em grande escala, a superfície é curva.
O que realmente está acontecendo aqui é que a atração da Terra está produzindo uma “superfície equipotencial”, em outras palavras, uma superfície de igual potencial gravitacional. O líquido fluirá para se equiparar em todos os pontos. A superfície do mar, portanto, é uma superfície equipotencial chamada de “geoide”: a forma nocional da Terra.
O que é a forma do geóide?
Primeiramente, é importante entendermos que é pouco provável que uma esfera matematicamente perfeita seja encontrada em todo o universo. Essa concepção é, basicamente, uma construção do intelecto humano e dificilmente se apresenta de forma exata na natureza.
Tendo isso em mente, também temos que refletir que se a Terra fosse um corpo estático e uniforme, a gravidade a puxaria para a forma de uma esfera. No entanto, o nosso planeta também está girando em seu eixo, o que significa que a força da gravidade interna é equilibrada pela força centrífuga externa, no equador. Dessa forma, a esfera ‘incha’. Já nos pólos, a força gravitacional não é desafiada, então puxa a forma nessa direção.
Sendo assim, o modelo mais exato para expressar a forma da Terra é o geoide, ou seja, um formato quase esférico, mas com deformações, causadas por diferenças em determinados pontos e acúmulo de massa de maneira irregular ao longo de seu volume total. Além disso, as diferenças de altitude e profundidade não permitem também que o planeta seja exatamente esférico.
Vale destacar ainda que, as deformações do planeta dependem da escala em que a análise será feita. Se for vista de cima, mas em uma posição muito aproximada, a Terra apresentará mais claramente suas altitudes e depressões, sendo possível perceber, até mesmo, que o nível das águas dos oceanos varia muito de uma região à outra. Por outro lado, se considerarmos o planeta visto de longe, essas deformações tornam-se praticamente nulas.