Nave alienígena pode estar monitorando a Terra, sugere oficial do Pentágono

Novo artigo explora a possibilidade de pequenas sondas alienígenas estarem estudando o Sistema Solar.

Felipe Miranda
Imagem: Getty Images

Muitas afirmações que vemos na internet sobre avistamentos e a possível presença de alienígenas no planeta Terra são extremamente sensacionalistas e nada científicas, e muitas vezes visam apenas cliques. No entanto, há algumas pessoas sérias que falam sobre essa possibilidade – que não envolve abduções e experimentos científicos bizarros, mas apenas uma plausível observação passiva.

O espaço é gigantesco. Não podemos afirmar com certeza que há vida alienígena, seja ela inteligente, seja microscópica. Entretanto, a possibilidade de não haver vida em um espaço tão grande parece ser muito baixa. A vida no planeta Terra ser algo único no universo é um tanto deprimente.

Oumuamua é uma nave mãe?

Há, obviamente, uma possibilidade de não conhecermos a vida fora da Terra mas eles estarem nos observando. Avi Loeb, astrônomo da Universidade de Harvard, e Sean M. Kirkpatrick, diretor do Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO) do Pentágono publicaram, no início de março, um artigo, ainda em preprint, denominado ‘Restrições Físicas em Fenômenos Aéreos Não Identificados’. O documento ainda é um rascunho e até o momento não foi revisado por pares.

A dupla fala, no texto, sobre o Oumuamua. O asteroide em forma de charuto se aproximou da Terra de maneira muito estranha: seu formato, velocidade, órbita hiperbólica e o fato de ser de fora do sistema solar. Ele demonstrada uma aceleração que não possuía origem em uma atração gravitacional, gerando uma hipótese de propulsão artificial. O objeto sempre foi visto como muito provavelmente de origem natural, mas suas peculiaridades intrigaram os cientistas, que o observaram em busca de sinais de rádio ou outras evidências de vida inteligente, já que questionar nunca é demais.

Desde sua descoberta, o Oumuamua segue sendo investigado. Recentemente, no dia 22 de março, uma dupla de pesquisadores publicou na revista Nature um artigo em que sugerem que a aceleração do objeto ocorreu por uma liberação de hidrogênio aprisionado no gelo, quando o objeto se aproximou do Sol. Segundo a dupla, portanto, o asteroide possui origem natural.

Outros diversos artigos questionam a possibilidade de que Oumuamua seja um objeto de origem artificial dada a escala de tempo necessária para uma viagem interestelar.

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Oumuamua. Imagem: ESA/Hubble, NASA, ESO, M. Kornmesser

Pequenas sondas

Loeb e Kirkpatrick dizem que “as coincidências entre alguns parâmetros orbitais de ‘Oumuamua e IM2 [outro objeto interestelar] nos inspiram a considerar a possibilidade de que um objeto interestelar artificial possa ser uma nave-mãe que libera muitas pequenas sondas durante sua passagem próxima à Terra, uma construção operacional não muito diferente das missões da NASA”.

Os pesquisadores denominam essas sondas de “sementes de dente-de-leão”. Eles sugerem que as sondas se ejetem da nave-mãe pela força gravitacional exercida pelo Sol ou por uma capacidade de manobra própria. Com sondas pequenas, a reflexão solar não é suficiente para que nossos telescópios enxerguem. “

“A uma distância d do Sol e do telescópio, objetos com um metro de diâmetro e refletindo uma fração da luz solar incidente em sua superfície produziriam um fluxo de luz óptica […] bem abaixo do limite de detecção até mesmo do Telescópio Espacial James Webb”.

No entanto, os pesquisadores ainda reiteram: “Em contraste, as assinaturas de radar de um objeto de escala de metro seriam detectáveis com nossos radares de espaço profundo e cerca espacial […]. Esses objetos também podem se tornar detectáveis opticamente à medida que se aproximam da Terra, especialmente se criarem uma bola de fogo como resultado de sua fricção com o ar”.

No texto, a dupla explora, também, alguns aspectos técnicos dos meios de propulsão possíveis para a nave-mãe, além da apresentação de cálculos para a emissão óptica e algumas assinaturas detectáveis, para um possível reconhecimento de objetos alienígenas nessas características. Entretanto, há um limite técnico na possibilidade de observação citado por Loeb e Kirkpatrick.

Portanto, candidatos a sondas alienígenas na atmosfera terrestre, segundo eles, devem ser analisados por parâmetros como ionização, refletividade do radar, temperatura, estrondos sônicos e bolas de fogo.

Há possibilidade real?

Obviamente que, se nos visitam, os alienígenas não estariam vindo pessoalmente, já que viagens muito longas trazem limitações biológicas. Mas sondas guiadas por Inteligências artificiais poderiam pairar pelo espaço por tempo indeterminado, além de poderem até mesmo se autorreplicar por impressão 3D e tecnologias semelhantes – uma visão que está cada vez mais próxima de nossas capacidades tecnológicas.

Vale lembrar, entretanto, que o artigo é um trabalho científico. Portanto, ele não afirma em momento algum que estamos sendo visitados, apenas fala sobre alguns parâmetros técnicos básicos que suportam a possibilidade.

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