Musgo raro e mais antigo que dinossauros pode ser extinto por humanos

Elisson Amboni
Musgo Takakia no Planalto Tibetano. Imagem: Xuedong Li/Capital Normal University Beijing

Depois de quase 400 milhões de anos de resistência e evolução, o raro musgo Takakia enfrenta o risco de extinção. Segundo cientistas, em um artigo publicado na revista científica Cell, a causa é a acelerada mudança climática antropocênica.

O Takakia é encontrado apenas no Planalto Tibetano, um local conhecido como “telhado do mundo”. O professor Dr. Xuedong Li e sua equipe estão estudando o musgo desde 2005. Eles descobriram populações de Takakia a altitudes superiores a 4.000 metros.

A vida no Planalto Tibetano é difícil. O Takakia fica enterrado na neve por oito meses do ano e exposto a altos níveis de radiação UV quando emerge. Esse musgo tem evoluído nesta região por mais de 65 milhões de anos.

“Esses registros temporais geológicos nos ajudam a rastrear a adaptação gradual à vida em altitudes elevadas no genoma do Takakia”, explica o Dr. Ralf Reski. Ele liderou a equipe de pesquisa com o Dr. Yikun He da Capital Normal University na China.

No entanto, apesar da rápida evolução do genoma do Takakia, a morfologia não mudou reconhecidamente há mais de 165 milhões de anos. “Isso torna o Takakia um verdadeiro fóssil vivo”, diz Reski.

A mudança climática alterou significativamente o habitat do musgo em poucos anos. Desde 2010, os pesquisadores registram um aumento médio da temperatura de quase meio grau Celsius por ano.

Ao mesmo tempo, a geleira próxima aos locais de amostragem está recuando a um ritmo alarmante, cerca de 50 metros por ano. As populações de Takakia diminuíram significativamente durante o período do estudo.

“O declínio da população que encontramos é assustador”, diz He. “Felizmente, saber que a planta está ameaçada de extinção também nos dá a chance de protegê-la, por exemplo, cultivando-a em laboratório”, acrescenta Hu.

“Takakia viu os dinossauros virem e irem. Viu nós, humanos, chegarmos”, conclui Reski. “Agora podemos aprender algo sobre resiliência e extinção com esse minúsculo musgo.”

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