Múmia de sacerdote encontrada extremamente preservada em Pompéia

Mateus Marchetto
Imagem: Alfio Giannotti/Pompeii Archeological Park via AP

Em torno de 30.000 pessoas morreram pela erupção do vulcão Vesúvio, que ocorreu no ano 79 DEC e destruiu a cidade de Pompéia. Com a nuvem de cinzas e gases que encobriu a cidade, diversas vítimas acabaram conservadas ao longo de quase dois mil anos. Contudo, arqueólogos acabam de encontrar uma vítima diferente em Pompéia.

Uma equipe de arqueólogos encontrou uma múmia extremamente preservada, aparentemente de um sacerdote da antiga cidade. Todavia, este indivíduo, chamado Marcus Venerius Secundio, não morreu por conta da explosão do Vesúvio. Na verdade, Marcus Venerius fora um escravo que, após conseguir sua libertação, se tornou um sacerdote.

De acordo com estudos realizados com a múmia, o sacerdote provavelmente morreu quando tinha em torno de 60 anos de idade. Ademais, uma tabuleta com inscrições – incluindo o nome do sacerdote, estava junto à tumba, na Necrópole de Porta Sarno, ao leste do centro de Pompéia.

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Imagem: Parque Arqueológico de Pompéia/University of Valencia

O surpreendente é que os corpo do sacerdote ainda tinha resquícios de cabelos e cartilagem da orelha, fora uma ótima preservação de seus ossos. No entanto, pesquisadores ainda não têm certeza se a mumificação aconteceu de forma natural ou proposital. Como a tumba também recebeu as cinzas do Vesúvio, há a chance do desastre ter preservado o sacerdote.

“Nós ainda precisamos entender se a mumificação parcial do falecido é devida a tratamento intencional ou não.” afirma Llorenç Alapont, professor da University of Valencia, instituição parceira na pesquisa.

Junto ao compartimento onde estava o sacerdote, pesquisadores também encontraram vasos ornamentados que provavelmente serviram para abrigar óleos e perfumes na tumba. Além disso, havia também duas urnas funerárias, uma delas com as seguintes inscrições: “Novia Amabilis”, o esposa gentil.

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Imagem: Parque Arqueológico de Pompéia / University of Valencia

A necrópole, aliás, não é aberta ao público, mas essa nova descoberta pode abrir portas para a visitação.

Primeiro indício de cultos em grego em Pompéia

Além do estado de conservação incrível, a múmia carrega outra fonte de informações valiosa: escritos em grego na tabuleta mortuária do sacerdote. Isso faz com que a tumba seja a primeira evidência concreta de que rituais tinham versões na língua grega, mesmo em território italiano. Até o momento, arqueólogos apenas tinham certeza que os cultos aconteciam em latim.

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Imagem: Parque Arqueológico de Pompéia/University of Valencia

Segundo Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompéia, a descoberta é animadora:”Que performances em grego eram organizadas é evidência do clima cultural aberto e vivaz que caracterizou a antiga Pompéia.”

Outro registro de Pompéia, aliás, também faz referência ao sacerdote. Arquivos do banqueiro Cecilius Giocondus, que vivia no centro da cidade, faziam referência ao nome de Marcus Venerius Secundio.

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