Todo mundo conhece a história de Pompéia. Há quase dois mil anos, um vulcão chamado Vesúvio inesperadamente entrou em erupção na cidade de Pompeia, uma grande e sofisticada cidade que integrava o Império Romano. Ela localiza-se na atual Itália, a pouco mais de 20 km da cidade de Nápoles. Atualmente, trata-se de um sítio arqueológico que levanta a curiosidade de muitos pelo efeito das cinzas, além, é claro, dos sentimentos pelas impactantes cenas.
Acontece que diversos objetos, pessoas e construções moldaram as cinzas que resfriaram e se petrificaram. Poucos fugiram, já que a violenta explosão cuspiu lava e cinzas em um raio de 20 quilômetros, soterrando boa parte da cidade. Atualmente, encontra-se os “moldes” de diversas pessoas pela cidade. E esse novo caso se assemelha a isso.
Por 1600 anos, Pompéia desapareceu. Apenas em 1748 a reencontraram e, então, a fascinante cidade tornou-se objeto de estudo por inúmeros arqueólogos.
Há diversas causas de mortes dos moradores de Pompéia. Um estudo publicado em 2018 no periódico PLOS One, analisa mortes que relacionam-se ao calor, mas não ao calor diretamente. Eles sugerem, através das análises dos crânios, que o calor ferveu o sangue das pessoas. O sangue, então, subiu para o crânio e lá causou uma grande pressão, rachando-o. O estudo focou na cidade de Herculano, outra cidade da região que também sofreu com a explosão do Vesúvio.
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Os corpos
Os arqueólogos trabalhavam em um local que serviu como casa de um membro da elite da cidade. Então, avistaram os corpos que os arqueólogos acreditam tratar-se de um senhor e seu escravo. Ambos localizavam-se em uma adega ou câmara subterrânea para algum outro tipo de aplicação, quando as cinzas os soterraram. Assim, talvez estivessem se escondendo do amedrontador vulcão Vesúvio.
Conforme o jornal britânico The Guardian, os cientistas dizem que eles escaparam apenas no primeiro dia, durante a erupção inicial. No entanto, uma explosão vulcânica não é tão simples. No dia seguinte, o vulcão explodiu novamente, e dessa vez os atingiu. Então, eles morreram de algum dos efeitos possíveis – queimados, sufocados, ou quaisquer outras maneiras de um vulcão matar alguém -, além do terror que passaram durante o tempo escondidos.
“Essas duas vítimas talvez estivessem buscando refúgio quando foram arrastadas pela corrente piroclástica por volta das 9 da manhã”, disse para a Reuters o diretor do sítio arqueológico de Pompéia, Massimo Osanna. “É uma morte por choque térmico, também demonstrado por seus pés e mãos cerrados”.
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Os pesquisadores concluíram tratar-se de um senhor e um escravo com base nas evidências no local. Incrivelmente, as cinzas conservaram muito mais do que apenas o formato dos corpos. Em um dos indivíduos, que trata-se do senhor, os arqueólogos encontraram, por exemplo, um manto de lá abaixo de seu pescoço.
Já com o indivíduo que era um escravo, as cinzas conservaram uma túnica simples. Na Roma Antiga, muitos prisioneiros de guerra tornavam-se escravos. Boa parte da sociedade romana, então, era composta por pessoas escravizadas. Nesse homem, os pesquisadores constataram vértebras pressionadas e gastas, o que sugere um árduo trabalho físico.
Horror e agonia em Pompeia
“É impossível ver essas figuras deformadas e não se sentir comovido”, diz o intelectual e político italiano Luigi Settembrini, em um texto chamado “Carta aos Pompeanos”, que ele publicou em 1863. Na carta, ele demonstra um pouco de seus sentimentos com a situação que viu no sítio arqueológico.
“Eles estão mortos há dezoito séculos, mas são seres humanos vistos em sua agonia. Isso não é arte, não é imitação; estes são os seus ossos, os restos da sua carne e as suas roupas misturadas com o gesso, é a dor da morte que toma corpo e forma”, diz Settembrini, chocado com a cena que vê-se no local.