Cientistas recentemente descobriram que um monstro marinho em manuscritos nórdicos do século XIII era, na verdade, a descrição de uma baleia usando uma tática para se alimentar de outros peixes.
Essa tática consiste em ficar esperando com a boca aberta de forma imóvel para que os cardumes de peixes se aproximem da baleia, acreditando que ela é um abrigo.
Na antiguidade, os marinheiros nórdicos que descreveram a criatura conseguiram colocar tanta riqueza nos detalhes que ela acabou sendo conhecida como um kraken e até comparada a um leviatã por escritores do século XVIII.
Isso aconteceu pelo simples fato de que essas pessoas não conheciam as baleias e suas táticas de alimentação. Mas, um estudo recente comprovou que a descrição do monstro marinho medieval se trata apenas de uma baleia.
A descrição do monstro marinho em manuscritos nórdicos
Confundir uma baleia com um monstro pode parecer algo irreal para nós hoje, com toda informação a que temos acesso. Mas, antigamente, quando a ciência era pouco desenvolvida, era a imaginação que ajudava os povos antigos a entenderem os fenômenos naturais.
E devido à riqueza de detalhes do manuscrito nórdico, a interpretação mais óbvia que se tinha é que se tratava de um monstro.
No antigo documento, o monstro marinho era descrito posicionado com a boca aberta para atrair os demais peixes. Para isso, eles adicionaram até que a criatura emanava um perfume específico para atrair os animais.
Apesar de parecer fantasia, o perfume é real. Cientistas afirmam que baleias-jubarte e de bryde produzem um cheiro específico para atrair mais presas as suas mandíbulas.
Mas, como os cientistas de hoje conseguiram relacionar essa antiga descrição às baleias? É isso que você confere no próximo tópico.
Estudo identificou a descrição do monstro como sendo uma baleia
O estudo publicado na revista Marine Mammal Science começou quando um dos cientistas, o arqueólogo marítimo John McCarthy, estava lendo um pouco de mitologia nórdica. Ele diz que “[…] notei essa criatura, que se assemelhava ao comportamento de alimentação viral das baleias”.
O cientista então começou a investigar mais sobre o assunto ao lado de biólogos marinhos e disse que o paralelo entre a descrição do monstro marinho em manuscritos nórdicos era impressionante.
O relato sobre a criatura foi escrito de forma muito detalhada. Nele, a baleia havia sido batizada com o nome de Hafgufa, que se traduziria como “nevoa do mar”. O manuscrito, chamado de “Konungs skaggs” (“Espelho do Rei”) havia sido escrito para o rei norueguês Haakon Hákonarson, que reinou por mais de 40 anos no século XIII.
Com essas constatações, o estudo se iniciou ao lado de biólogos marinhos, arqueólogos e especialistas em literatura e linguagem medievais. O grupo pôde investigar as semelhanças da descrição de Hafgufa com a técnica de alimentação das baleias atuais.
Marinheiros nórdicos poderiam saber que se tratava de uma baleia
Durante a pesquisa, os cientistas constataram que os marinheiros medievais tinham conhecimentos suficientes na época para saber que Hafgufa era, na verdade, uma baleia.
“Os nórdicos eram grandes marinheiros. A maioria das viagens que as pessoas faziam na Escandinávia na Idade Média eram viagens de pesca, então eles tinham um nível muito alto de conhecimento sobre as marés, as correntes, os padrões das ondas, bem como os peixes.” disse Lauren Poyer, professora a Universidade de Washington.
Séculos depois da descrição do monstro marinho em manuscritos nórdicos, mais precisamente no século XVIII é que os escritores podem ter transformado a descrição de uma baleia em um monstro medieval, já que não tinham conhecimento sobre a forma que as baleias se alimentam.