Um novo estudo publicado na revista PLOS Biology revelou que a velocidade de deslocamento dos animais é influenciada pela eficiência na dissipação do calor gerado pelos músculos. Isso é especialmente válido para animais com mais de uma tonelada.
A capacidade de se deslocar é fundamental para a sobrevivência de muitas espécies, pois determina a amplitude de migração e a busca por alimento. Atualmente, essa tarefa tem se tornado mais difícil devido à fragmentação dos habitats e às mudanças climáticas.
Para desenvolver o estudo, os pesquisadores analisaram dados de 532 espécies com o auxílio de um modelo computadorizado. Foram considerados apenas animais em movimento livre na natureza, monitorados por dispositivos de rastreamento por radar ou gravações de vídeo.
O estudo mostrou que, à medida que o tamanho dos animais aumenta, a velocidade de deslocamento também cresce, até atingir cerca de uma tonelada. A partir desse ponto, a velocidade se estabiliza e começa a diminuir.
Os cientistas concluíram que a desaceleração ocorre devido à necessidade de evitar o superaquecimento. Os animais maiores precisam diminuir a velocidade para dissipar melhor o excesso de calor.
Essa constatação foi confirmada também em animais aquáticos, apesar do resfriamento proporcionado pela água. Animais de porte médio, como lobos, apresentaram as velocidades sustentadas mais rápidas.
Segundo Alexander Dyer, coautor e biólogo do Centro Alemão de Pesquisa Integrativa da Biodiversidade, o estudo permite entender melhor as capacidades de movimento entre espécies. Essa abordagem pode ser usada para estimar a velocidade de deslocamento de animais com base em seu tamanho.
Além disso, o estudo pode auxiliar na compreensão de como os animais se adaptam a habitats fragmentados pelo desenvolvimento humano. A análise revela que o aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas afetará todos os animais, e não apenas os maiores.
Em resposta ao aquecimento global, algumas espécies já estão evoluindo corpos menores. A Organização Meteorológica Mundial aponta que os anos mais quentes já registrados ocorreram entre 2014 e 2022.
Myriam Hirt, coautora e bióloga do Centro Alemão de Pesquisa Integrativa em Biodiversidade, alerta que os animais de grande porte são potencialmente mais suscetíveis aos efeitos da fragmentação do habitat em um clima de aquecimento. Isso os torna mais propensos à extinção, mas mais pesquisas são necessárias.