Atualmente, Marte possui dois pequenos satélites naturais, com superfícies irregulares. Eles foram batizados com os nome Deimos, do deus do Terror e de Phobos, deus do medo, filhos de Ares, o equivalente grego ao deus romano Marte, deus da guerra.
A instável órbita de Phobos pode dar destaque à hipótese de que fora, em algum momento, um anel. Deimos também é peculiar porque sua órbita possui uma inclinação de 2° em relação ao equador marciano, ao invés de estar alinhada.
Artigo sugere que Marte teve anel e luas gigantes no passado
Em 2017, em um artigo publicado no periódico Nature Geoscience, os cientistas Andrew Hesselbrock e David Minton propõem que periodicamente as luas são transformadas em pequenos anéis, pela gravidade e, mais tarde, voltam a se aglomerar como luas.
Após diversas simulações computacionais, os pesquisadores concluíram que nos 4,3 bilhões de anos de existência de Marte, pode ter ocorrido entre 3 e 7 ciclos como esse.
Agora, uma nova equipe, na qual David Minton também participa, demonstra uma hipótese que apoia a ideia anterior. Uma lua com cerca de 20 vezes a massa de Phobos pode ter levado Deimos para sua órbita atual.
Matija Cuk, autora principal do estudo, disse ao LiveScience que a peculiaridade da órbita de Deimos sempre foi deixada de lado.
Ela, no entanto, ressalta a importância de levá-la em conta: “uma vez que tivemos uma grande idéia nova e a olhamos com novos olhos, a inclinação orbital de Deimos revelou seu grande segredo”.
Esse “reboque” da órbita de Deimos deve ter ocorrido por um fenômeno chamado ressonância orbital. Quando a órbita de dois corpos de alinha, há uma oscilação na trajetória de ambos.
O que tem a ver a órbita de Deimos com um anel do planeta vermelho?
De acordo com os modelos computacionais gerados por eles a partir de alguns elementos observacionais captados do movimentos das luas, deve ter ocorrido o seguinte:
Deimos se formou sozinho, longe do anel. Esse anel se aglomerou formando uma ou mais luas, em um ciclo que ocorreu por algumas vezes em um intervalo de muitos milhares de anos.
Durante uma dessas repetições, uma dessas luas formadas, com uma massa bastante considerável, acabou entrando em ressonância com Deimos e levando-o para sua órbita atual.
Em um desses ciclos, também, a poeira remanescente do anel formou Phobos, mais tarde, segundo a equipe.
Hoje, Phobos perde altitude na órbita de Marte de forma considerável, e os cientistas esperam que em algum momento a lua se quebre e forme o anel novamente, dando continuidade ao ciclo.
O trabalho ainda não foi revisado por pares e foi publicado, até o momento, apenas no repositório AirXiv.