Estudar o Sol é um ótimo meio de se estudar as outras estrelas, já que todas as estrelas seguem as mesmas regras da física e muitos fenômenos podem ser generalizados. Pensar que as manchas solares ajudarão na busca de vida parece meio estranho, mas isso de fato ocorre.
Mas manchas solares são verdadeiras manchas. Elas surgem através de regiões escuras pelo Sol, e fazem parte do ciclo solar. Uma mancha solar significa uma perturbação magnética. Essas perturbações, por sua vez, causam a ejeção de massa coronal e os vento solares – plasma, energia partículas extremamente carregadas.
Entender as manchas solares, portanto, ajuda na previsão das erupções solares – que ocorrem em todas as estrelas. A frequência e a intensidade das erupções solares podem ser decisivas para a existência da vida. Se muito forte, essa energia é capaz de destruir as formas de vida
Ao mesmo tempo, há os pontos positivos. Ventos solares, em uma baixa intensidade são capazes de ajudar na construção de moléculas orgânicas complexas, como DNA, RNA, ou quaisquer variantes semelhantes que apareceriam em outros mundo exóticos.
Um Sol, novos sóis
Já que estamos muito próximos ao Sol, é possível realizar análises e estudos extremamente complexos, o que é um ponto positivo. Mas como o Sol se pareceria de longe? Poderíamos aplicar o conhecimento do Sol em outras estrelas, com questiona um estudo publicado no The Astrophysical Journal. Eles estudaram o Sol em baixa resolução para entender.
“Queríamos saber como seria uma região de manchas solares se não pudéssemos entendê-la em uma imagem”, diz em um comunicado Shin Toriumi, cientista na Agência Espacial Japonesa (JAXA) e principal autor do estudo. “Então, usamos os dados solares como se viessem de uma estrela distante para ter uma conexão melhor entre a física solar e a física estelar”.
Para estudar o Sol como uma estrela distante, os pesquisadores utilizaram dados do Solar Dynamics Observatory, uma da NASA que estuda o Sol há 10 anos, e da missão Hinode, uma parceria entre a JAXA e a NASA lançada no ano de 2006.
Com os dados de alta resolução, os cientistas converteram em pequenos pontos de dados – como captamos estrelas distantes. Utilizando os dados, eles criaram gráficos de curvas de luz. Comparando com as imagens de alta resolução, portanto, foi possível entender como a luz varia com o aparecimento de manchas solares.
“O Sol é a nossa estrela mais próxima. Usando satélites de observação solar, podemos resolver assinaturas na superfície a 160 quilômetros de largura”, explica Vladimir Airapetian, um dos co-autores. “Em outras estrelas, você pode obter apenas um pixel mostrando toda a superfície, então queríamos criar um modelo para decodificar a atividade em outras estrelas”.
Planos futuros
Embora o estudo represente um grande avanço na compreensão de novos mundos, ainda há muito para se melhorar. Os cientistas conseguiram desenvolver o método apenas para o caso de poucas manchas, mas é comum que existam muitas manchas, além de ser de extrema importância compreender os máximos estelares.
“Até agora, fizemos os melhores cenários, onde há apenas uma mancha solar visível”, explica Toriumi. “Agora, estamos planejando fazer alguns modelos numéricos para entender o que acontece se tivermos várias manchas solares”.
Além disso, entender essa dinâmica no Sol ajudará na compreensão do passado do próprio sistema solar. Em sua juventude alguns bilhões de anos atrás, o Sol era mais ativo durante os máximo solares. Hoje, embora ainda forte, está consideravelmente mais fraco.
É importante, então, entender a juventude do Sol para entender a juventude da Vênus, Terra e Marte, os três planetas mais fascinantes do sistema solar, em termos de atividades. Marte e Vênus podem ter abrigado oceanos e vida no passado, e um dia pretendemos entender um pouco sobre, e um dia as manchas solares ajudarão na busca de vida extraterrestre.
O estudo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal. Com informações de NASA.