Jogar videogame com seus amigos usando apenas a sua mente? Sim, agora você pode

Damares Alves

Isso mesmo, agora é completamente possível que você possa juntar os seus amigos para jogar uma partida de videogame usando apenas os seus cérebros. E não, esse não é mais um episódio da série futurística da netflix Black Mirror.

Foi publicado em Abril do ano passado na revista Nature Scientific Reports os resultados de um estudo que apresentam uma rede “cérebro-a-cérebro” onde é possível receber e enviar informações a outras pessoas usando apenas a sua massa cinzenta.

“Os seres humanos são seres sociais que se comunicam entre si para cooperar e resolver problemas que nenhum de nós pode resolver por conta própria”, disse o autor correspondente Rajesh Rao, professor da CJ na Escola de Ciência da Computação Paul G. Allen da UW.

“Queríamos saber se um grupo de pessoas poderia colaborar usando apenas seus cérebros. Foi assim que surgiu a ideia da BrainNet: um jogo onde duas pessoas ajudam uma terceira pessoa a resolver uma determinada tarefa.”

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Um exemplo do jogo. Um receptor vê os painéis à esquerda e dois remetentes vêem os painéis à direita. A linha superior mostra as telas no início da avaliação. Os remetentes (painéis da direita) podem ver a linha verde na parte inferior, mas o receptor não pode. A linha do meio é quando os remetentes têm a oportunidade de rever a decisão do receptor e podem sugerir que o receptor mude de ideia. Linha inferior: sucesso! As duas telas após os remetentes mudaram a mente do receptor. Jiang et ai. 2019, Scientific Reports

O jogo mostra um bloco no topo da tela e uma linha que precisa ser completada na parte inferior. Duas pessoas – os Emissores – podem ver tanto o bloco quanto a linha, mas não conseguem controlar o jogo. A terceira pessoa –  o Receptor, pode ver apenas o bloco e não a linha, mas pode dizer ao jogo se deve girar o bloco para completar a linha com sucesso. Cada remetente decide se o bloco precisa ser girado e, em seguida, passa essa informação de seu cérebro, através da Internet para o cérebro do receptor. Em seguida, o receptor processa essa informação e envia um comando – para girar ou não girar o bloco – para o jogo diretamente de seu cérebro, com o objetivo de completar a linha. 

Durante os testes os jogadores Foram divididos em salas diferentes onde não podiam ver, ouvir ou falar uns com os outros.

Os emissores podiam ver o jogo exibido em uma tela, na qual haviam as palavras “Sim” e “Não”. Abaixo de cada um palavra luz de LED piscava um determinado número de vezes.

Quando o Remetente decide rodar o bloco ele envia “Sim” ou “Não” para o cérebro do receptor olhando fixamente para uma das opções.

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Heather Wessel, uma recém-formada da UW com um diploma de bacharel em psicologia, é uma remetente para este experimento. Ela vê “Sim” e “Não” em ambos os lados da tela. Mark Stone / Universidade de Washington

Como isso é possível? Os remetentes utilizavam bonés especiais que captavam a atividade elétrica em seus cérebros. Os padrões piscantes das luzes acionavam tipos únicos de atividades no cérebro que, eram captados pelos bonés que por sua vez enviavam as informações aos receptores através da internet.

Se a resposta fosse “sim, pode mover o bloco” o receptor poderia ver um clarão, se a resposta fosse negativa ele não via absolutamente nada, podendo assim completar a tarefa.

Por enquanto, essa tecnologia é cara, muito robusta e abrange apenas um jogo. Mas isso é apenas o começo, imagine um futuro em que seja possível desenvolver diálogos ou até mesmo realizar tarefas complexas utilizando apenas a nossa mente. É, isso é incrível.

O artigo científico foi publicado em Scientific Reports, algumas informações e imagens presentes nesta matéria foram disponibilizadas pela Universidade de Woshington.

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