O carbono é um elemento químico primordial para a formação da vida – pelo menos da maneira como a entendemos. O telescópio James Webb conseguiu mapear uma fonte do componente em Europa, uma das 92 luas conhecidas de Júpiter.
De acordo com a NASA, estudos anteriores indicam que existe um oceano de água salgada sob a crosta congelada do satélite. Entretanto, os cientistas não sabiam dizer se, dentro desse oceano, poderia haver os elementos necessários para que a vida possa florescer.
Acontece que o carbono encontrado pelo telescópio não parece ter vindo de fontes externas, e sim do próprio subsolo do corpo celeste. Por conta disso, as chances de haver qualquer tipo de vida submarina aumentam substancialmente.
Geronimo Villanueva, membro do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, participou de um dos artigos relacionados à descoberta e teceu comentários bastante otimistas:
Na Terra, a vida gosta de diversidade química – quanto mais diversidade, melhor. Somos uma vida baseada em carbono. Compreender a química do oceano de Europa irá nos ajudar a determinar se é hostil à vida tal como a conhecemos, ou se pode ser um bom lugar para que ela exista.
Além disso, o carbono é considerado “um elemento biologicamente essencial”, de acordo com Samantha Trumbo, da Universidade Cornell em Ithaca, Nova Iorque.
James Webb e o “terreno do caos”
Anteriormente, o telescópio Hubble havia descoberto evidências de sal marinho em uma região intitulada Tara Regio, também conhecida como “terreno do caos”. Acredita-se que houve uma ruptura na região e, por conta disso, parte do material oceânico chegou à superfície.
O que mais intriga os cientistas, segundo Villanueva, é a ligação entre o oceano de Europa e sua superfície: dependendo do avanço dos estudos, será possível mapear certas informações sem a necessidade de perfurar o gelo e capturar imagens completas.
Além disso, o dióxido de carbono presente na atmosfera de Europa é considerado instável. De maneira simplificada, isso significa que as moléculas podem ter sido fornecidas à superfície não faz muito tempo.
Heidi Hammel, membro da Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia e líder das Observações de Tempo Garantido do Ciclo 1 do James Webb, afirma que estas observações duram apenas “alguns minutos do tempo do observatório”. Por outro lado, elas rendem grandes resultados para os estudiosos.
A saga não acabou
Europa é um dos maiores candidatos à vida extraterrestre em nosso Sistema Solar. Por conta disso, várias missões para estudar o astro, como Voyager 1 e 2, Galileo e New Horizons, foram enviadas ao longo das últimas décadas para detectar assinaturas interessantes.
Em 2024, a NASA pretende lançar a Europa Clipper, uma nova missão interplanetária que contará com 37 instrumentos para analisar a atmosfera, o oceano e a superfície de Europa.