IUCN alerta sobre o risco de extinção de 962 espécies de libélulas

Mateus Marchetto
Imagem: liggraphy / Pixabay

Após uma nova atualização da Lista Vermelha, a IUCN (International Union for Conservation of Nature) aponta que das 6.016 espécies de libélulas do planeta, 16% estão ameaçadas de extinção. De acordo com a organização, o principal motivo para o risco é a destruição de hábitats úmidos e alagados como o Pantanal.

Além das 962 espécies de libélulas agora oficialmente ameaçadas de extinção, a Lista Vermelha ultrapassou o número de 40.000 espécies ameaçadas, pela primeira vez desde a criação do documento. A Lista Vermelha, vale comentar, tem o papel de classificar e documentar a ameaça acerca de mais de 140.000 espécies de animais.

Segundo o novo relatório, a crescente destruição de ambientes alagados vem reduzindo o hábitat destes insetos, além de muitos outros. As ameaças, nesse sentido, são muitas. A destruição do ambiente físico é um dos principais, com as áreas cultivadas pelo agronegócio crescendo em ritmos acelerados.

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Libélulas têm uma metamorfose incompleta: botam seus ovos na água parada ou lenta, se desenvolvem em ninfas e então adultos. Imagem: Gab-Rysia / Pixabay

Além disso, o aquecimento global e a poluição de rios por agrotóxicos têm um papel significativo na ameaça que cerca as libélulas, reporta a IUCN. A construção civil também é um fator de risco para estes ecossistemas.

“Revelando a perda global de libélulas, a atualização de hoje da Lista Vermelha ressalta a necessidade urgente de proteger as zonas úmidas do planeta e a rica tapeçaria de vida que elas abrigam. Globalmente, estes ecossistemas estão desaparecendo três vezes mais rápido que florestas,” afirma o diretor geral da IUCN, Dr Bruno Oberle.

Oberle continua: “Pântanos e outras áreas alagadas podem parecer improdutivas e inóspitas para humanos, mas na verdade elas nos fornecem serviços essenciais. Elas armazenam carbono, nos dão água limpa e comida, nos protegem de alagamentos assim como oferecem hábitat para uma em cada dez espécies conhecidas no planeta.”

Como pântanos, pantanais e libélulas afetam nossa vida

Como cita o diretor geral da IUCN, ambientes alagados são extremamente produtivos em questão de biodiversidade e ecologia de forma geral. Estes ambientes comumente são áreas de transição entre diversos outros biomas ou ecossistemas.

Veja-se, por exemplo, o Pantanal. Esse bioma abrange mais de 250 mil quilômetros quadrados e funciona como uma intersecção, uma área comum entre a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica. Daí a alta importância das zonas alagadas para a biodiversidade.

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Imagem: AlainAudet / Pixabay

Ainda, ambientes alagados armazenam grandes quantidades de matéria orgânica (que se decompõe gerando gases estufa), seja no solo ou nas suas plantas. A grande quantidade de vegetais aquáticos também auxilia na limpeza da água, armazenamento de carbono e biomonitoramento das condições ambientais.

Quanto às libélulas, além de seu papel essencial de manter o equilíbrio da cadeia alimentar e indicar a poluição de ambientes, estes animais são caçadores. Uma de suas maiores presas, por conseguinte, são mosquitos – insetos estes responsáveis pela morte de mais de 700.000 pessoas anualmente, devido à transmissão de doenças.

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