Inglês não é a língua oficial dos Estados Unidos

Daniela Marinho
Imagem: Canva

O inglês é o idioma mais falado no mundo, segundo a Enciclopédia Britannica, uma plataforma de dados do Reino Unido voltada para a educação. Dados de 2020 indicam que existem cerca de 1 bilhão e 270 milhões de falantes de inglês em todo o planeta. No entanto, ao contrário do que muitos acreditam, o inglês não é a língua oficial dos Estados Unidos. Saiba por quê.

Inglês como idioma global

O inglês é, na maioria das nações onde não é a língua nativa, a principal opção como idioma estrangeiro. Essa preferência deu ao inglês o título de língua franca global, ou seja, a língua adotada para a comunicação entre pessoas que não compartilham o mesmo idioma nativo.

De acordo com a Britannica, logo após o inglês, temos o chinês mandarim, falado por incríveis 1 bilhão e 120 milhões de pessoas na China, e o hindi, com 637 milhões de falantes ao redor do mundo, sendo o idioma oficial da Índia.

Nesse contexto, cerca de 180 nações possuem uma língua oficial, sendo que mais de 100 delas adotam múltiplas línguas oficiais. A Bolívia, detentora do recorde atual, destaca-se com um impressionante total de 37 línguas oficiais, abrangendo não apenas o espanhol, mas também diversas línguas indígenas.

A adoção de línguas oficiais por parte dos países serve como meio essencial para estabelecer uma comunicação universal em suas práticas governamentais. Esse processo simplifica a definição de leis, direitos e outros aspectos fundamentais.

Além disso, a designação de línguas oficiais não apenas facilita a administração, mas também pode ser empregada como uma ferramenta estratégica para fomentar a coesão nacional e preservar a rica identidade cultural de uma nação.

Língua materna e terra natal

O inglês se originou na Inglaterra, uma nação localizada na ilha da Grã-Bretanha, durante os primeiros períodos medievais. O desenvolvimento da língua inglesa ao longo dos séculos foi influenciado por diversas fontes, incluindo as línguas germânicas trazidas pelos anglo-saxões que invadiram a região no século V, além de influências do latim devido à presença dos romanos na Britânia durante os séculos anteriores.

Apesar do inglês ter se consolidado como a língua predominante nas colônias americanas ao longo do século XVIII, é importante destacar que uma parte significativa da população continuava a se comunicar em suas línguas maternas oriundas de suas terras natais.

Essas línguas incluíam o alemão, holandês, flamengo, francês, dinamarquês, norueguês, sueco, polaco, gaélico, português, italiano, entre outras.

Dada a natureza multicultural dos Estados Unidos, povoado por migrantes que falavam diversas línguas, surgiu o dilema de escolher uma língua em detrimento das demais, considerando tal decisão injusta.

Quando John Adams propôs ao Congresso Continental em 1780 que o inglês fosse eleito como língua oficial dos Estados Unidos, a proposta foi rejeitada por ser considerada como “antidemocrática e uma ameaça à liberdade individual”.

O episódio reflete o reconhecimento da diversidade linguística e o compromisso de preservar a liberdade linguística na história inicial dos Estados Unidos.

Estados Unidos não têm idioma oficial

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Imagem: Canva

Ao longo das últimas décadas, houve esforços contínuos para instituir o inglês como língua oficial nos Estados Unidos. Em 2023, os senadores republicanos JD Vance, de Ohio, e Kevin Cramer, de Dakota do Norte, apresentaram um projeto de lei com esse propósito. Muitas dessas iniciativas foram impulsionadas pelo receio infundado de que o inglês estivesse em declínio.

Contudo, dados recentes do censo revelam que 78,3% da população norte-americana fala exclusivamente inglês em casa. Embora esse número tenha diminuído ligeiramente em comparação com dados anteriores (78,7% em 2013-2017), é evidente que o inglês continua a ser preponderante.

Diversidade linguística

É certo concluir que as línguas, incluindo nos Estados Unidos, estão em constante evolução. Recentemente, linguistas observaram mudanças na forma de fala no país, destacando a diminuição do sotaque sulista clássico.

Ao mesmo tempo, novos sotaques estão surgindo devido à influência da mistura cultural entre falantes de espanhol e inglês.

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