Golfinhos fêmeas possuem clitóris semelhante ao humano, diz estudo

Lorena Franqueto
Imagem: AJRPROJ/ Pixabay

Os golfinhos, comumente encontrados em ambientes marinhos e em algumas águas doces, sempre despertou a curiosidade dos biólogos. Em recente estudo, da Current Biology, pesquisadores investigaram as partes íntimas desses animais e os resultados indicaram que as fêmeas possuem clitóris semelhante ao humano.

Como ocorreu a pesquisa?

Segundo especialistas, os golfinhos mantem relação sexual durante o ano todo para estabelecer laços sociais, além dos propósitos reprodutivos. Por isso, os autores do artigo resolveram investigar as características macroscópicas e microscópicas do clitóris de 11 golfinhos fêmeas.

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Imagem: werdepate/Pixabay

A coleta desses órgãos não envolveu sofrimento animal, uma vez que as peças foram coletadas de animais que morreram de causas naturais. Vale ressaltar que o estudo contou com as autorizações necessárias do Serviço Nacional de Pesca Marinha.

A autora principal, Patricia Brennan, ainda disse: “Toda vez que dissecávamos uma vagina, víamos esse clitóris muito grande e estávamos curiosos para saber se alguém o havia examinado em detalhes para ver se funcionava como um clitóris humano”. Dessa forma, o objetivo principal consistiu em avaliar a funcionalidade do aparelho feminino dos golfinhos, com base em alguns procedimentos.

Para isso, as principais metodologias utilizadas na pesquisa foram a tomografia computadorizada, reconstrução do órgão, histologia em parafina e coloração imuno-histoquímica para marcação dos nervoso. Assim, os pesquisadores examinaram a presença, a forma, a configuração e a presença de nervos na região do clitóris.

Finalmente, após todas as análises, os achados reveleram uma grande quantidade de semelhanças com o órgão humano, indicando que as fêmeas desses animais provavelmente possuem clitóris funcional!

Os resultados da pesquisa

Em primeiro lugar, o clitóris de mulheres e o de golfinhos diferem-se, principalmente, na forma e na quantidade de camadas de tecido estrutural. Ou seja, como os golfinhos são duas a três vezes maiores que os seres humanos, é maior também o seu órgão sexual. No entanto, uma das semelhanças com as humanas, é a localização próxima a vagina, indicando uma possível estimulação desse órgão durante o acasalamento.

Os testes também revelaram uma grande quantidade de nervos, portanto, também foi possível concluir que o clitóris das fêmeas é uma área de grande sensibilidade. A imagem a seguir revelou essa descoberta, as setas pretas indicam os nervos:

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A histologia revelou que o clitóris dos golfinhos tinha muitos nervos e corpúsculos de bem-estar. Imagem: BRENNAN P. et al.

Os pesquisadores também visualizaram corpúsculos genitais, isto é, pontos no corpo do animal responsáveis por receber diversos estímulos, no caso responder ao prazer. Inclusive, nos seres humanos, esses receptores chamam-se como “corpúsculos de prazer”.

Além de todas essas descobertas, os pesquisadores também identificaram formas diferentes para o aparelho genital conforme a idade das fêmeas. As mais jovens, possuíam um clitóris no formato de C, enquanto o órgão das mais velhas se assemelha à letra S.

Essas formas mais curvas (S) indicam um estado relaxado, mas com o devido estímulo, o órgão poderia ser preenchido com sangue e apresentar uma configuração mais endireitada (C).

Quais foram as conclusões após descobrirem que golfinhos fêmeas possuem clitóris?

Segundo os pesquisadores, esses animais possuem clitóris não apenas para a reprodução, mas também possivelmente para a masturbação. Portanto, foi possível concluir que – provavelmente – os golfinhos fêmeas experimentam o prazer sexual! Todas essas conclusões baseiam-se apenas no estudo anatômico do órgão, já que uma análise neurocomportamental dos animais é impossível.

Além disso, a funcionalidade do órgão também está – possivelmente – relacionada com uma maior sucesso reprodutivo. Por fim, a pesquisa possibilitou avaliar a utilidade do clitóris em animais e elucidar o papel do orgasmo feminino em outras espécies.

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