Estima-se que mais de 460 milhões de toneladas de plástico foram produzidas no planeta em 2019. Desse número, apenas 9% acabou reciclado. Pensando nisso, a jovem Madison Checketts desenvolveu inovadoras garrafas comestíveis e biodegradáveis, buscando reduzir o impacto das garrafas tradicionais nos ecossistemas.
A garota de 12 anos, de Utah, começou a pensar nas garrafas comestíveis como conteúdo de uma feira de ciências escolar. Com o projeto, a menina ganhou prêmios em feiras estatais e nacionais. Agora ela é uma das finalistas da Broadcom Masters Competition de 2022: o maior evento nacional de inovação científica para jovens do ensino básico nos Estados Unidos.
Pesquisando informações na internet, majoritariamente, Madison Checketts testou diversas formulações e formas de fazer as garrafas. Após alguns meses, a garota criou esferas com consistência de gel que podem conter até 200ml de água e durar até 3 semanas na geladeira.
Em 2014, o pesquisador Rodrigo Garcia criou uma tecnologia bastante semelhante, porém utilizando compostos diferentes para a produção do recipiente. Além do mais, as garrafas de Garcia continham apenas 50ml de água.
O projeto de Madison recebeu o nome de Eco-Hero e cada uma das garrafas custa em torno de R$6,00 para ser feita. Para consumir a água dentro da esfera de gel, basta morder a parte superior e beber o líquido. A esfera pode então ser comida ou descartada, o que não gerará resíduos devido aos compostos biodegradáveis.
A química das garrafas comestíveis
Para criar as garrafas comestíveis, a garota usou o processo chamado de esferificação inversa. Esse processo, por conseguinte, consiste em imergir um composto rico em cálcio em uma solução de alginato de sódio. A reação entre estes compostos cria uma película de gel que delimita uma esfera.
Após muitas tentativas, Checketts chegou numa composição de lactato de cálcio e goma xantana imersos em alginato de sódio. Para conservar melhor o gel, a garota adicionou um pouco de suco de limão na composição. Isso porque o limão possui um pH ligeiramente ácido e desacelera o crescimento de microrganismos.
Evidentemente, o recipiente tem alguns problemas práticos. A duração do composto é muito menor do que a de uma garrafa plástica, além da garrafa comestível ser muito mais cara que uma de plástico.
Ao Smithsonian Magazine, o especialista em meio-ambiente Daniel Rittschof declara que o trabalho de Madison apresenta esses empecilhos práticos, mas que a ideia pode funcionar.
“Na minha perspectiva, essa é uma ideia que, se for vista praticamente, a ideia básica não funcionaria, mas isso não significa que você não possa buscar a ideia até que ela funcione,” diz o cientista da Duke University.