Um fóssil de 246 milhões de anos, de um ictiossauro fêmea, é de um animal que morreu pouco antes de dar a luz a pelo menos três filhotes, conforme sugere estudo.
Ictiossauro foi uma ordem de réptil marinho que existiu entre o período Triássico e o período Cretáceo, junto com os dinossauros, desaparecendo dos mares pouco antes da extinção deles.
Ele viveu há muito tempo. O mundo ainda era bastante diferente. Os continentes ainda eram juntos – a pangeia.
O fóssil
Apelidada de Martina, a fêmea constitui uma nova espécie de ictiossauro. O nome foi dado ao pesquisador Martin Sander, que a encontrou no penúltimo dia de uma escavação sua, em 2011.
Com pouco mais de 4 metros de comprimento, pertence ao gênero Cymbospondylus, mas representa uma nova espécie por algumas determinadas características que diferem dos outros.
Martina é apenas o fóssil específico. A espécie foi chamada de duelferi, em homenagem a Olaf Dülfer, segundo o estudo “por suas muitas contribuições práticas à pesquisa de répteis marinhos mesozóicos”.
No momento da descoberta, era o fóssil de réptil mais antigo já descoberto. No entanto, três anos depois, em 2014, o título de mais velho foi para outro ictiossauro, do gênero Chaohusaurus, descoberto na China.
Importância do fóssil de ictiossauro
O bom nível de conservação, e o caso inusitado no qual o corpo foi fossilizado, pode trazer aos paleontólogos uma ampla visão da evolução sofrida pelo réptil ao longo do tempo. Fósseis de répteis marinhos não são muito comuns.
O ancestral do que um dia se tornou o ictiossauro foi um animal terrestre, que certa vez transicionou para o oceano. Por conveniência, foi selecionada a capacidade de dar a luz diretamente.
Quando era um réptil terrestre, os ovos eram um bom meio de trazer os filhotes ao mundo. No entanto, no oceano o trabalho fica um pouco mais difícil, e eles passaram a dar a luz como os mamíferos.
Hoje, o único réptil marinho que ainda põe ovos é a tartaruga. Ela precisa enterrá-los na areia. E, ao nascer, eles enfrentam a perigosa missão de chegar ao mar.
Inicialmente, conforme dizem os pesquisadores, o filhote saía de cabeça, como os seres humanos. Entretanto, o parto não é exatamente rápido, e répteis não respiram dentro da água.
Conforme Martin Sander, o “patrono” de Martina, disse ao LiveScience: “Quando você nasce debaixo da água, quer atrasar a respiração o máximo que puder”.
Dessa forma, sair de cauda foi uma estratégia de sobrevivência selecionada. “Faz muito sentido nascer de cauda e nadar até a superfície o mais tarde possível, porque é preciso respirar por conta própria”, completa Sander.
O estudo foi publicado no periódico Journal of Systematic Paleontology.