Formigas trocam cuspe com mais de 500 substâncias para viverem mais

Lorena Franqueto
As formigas trocam saliva com mais de 500 componentes para viverem mais

Segundo novo estudo, formigas trocam cuspe para apoiar os membros mais valiosos da colônia. Esse fluido contem diversos componentes, os quais permitem o crescimento, armazenamento de alimentos e até maior tempo de vida.

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As formigas trocam cuspe para garantir maior tempo de vida. Crédito da imagem: gamagapix, disponível no Pixabay.

Os pesquisadores suíços descobriram que as formigas cuidadoras têm níveis mais altos de antioxidantes numa espécie de “saliva”, a qual passa de boca em boca, e chama-se fluido trofalático Portanto, eles acreditam que essa classe de formigas sacrifica sua longevidade pelo bem da colônia.

Além disso, a pesquisa acrescenta mais peso às sugestões de que as colônias de formigas agem como uma única criatura conhecida como “superorganismo”, embora sejam compostas por muitos indivíduos. 

“Nós exploramos se a troca de proteínas pelas formigas está ligada ao papel de um indivíduo na colônia ou ao ciclo de vida da colônia e descobrimos que alguns membros da colônia podem fazer trabalho metabólico para o benefício de outros”, explicou o autor principal da pesquisa Dr. Sanja Hakala.

Um pouco mais sobre as formigas:

As formigas fazem parte da família Hymenoptera, assim como outros insetos sociais como abelhas e vespas. Além disso, muitos desses insetos são sociais, isto é, os indivíduos se especializam em certos papeis dentro de uma colônia.

Geralmente, as formigas mais novas cuidam dos filhotes da colônia e depois colaboram para a alimentação da colônia. Esse ato acontece boca a boca com o transporte do fluido trofalático, e é semelhante ao sangue distribuindo nutrientes, hormônios e outros compostos úteis entre os indivíduos. 

“Essas trocas de fluidos permitem que as formigas compartilhem alimentos e outras proteínas importantes que as próprias formigas produzem”, explicaram os cientistas. 

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Como as formigas trocam cuspe?

A fim de avaliar quais compostos estavam no fluido e como isso mudou ao longo do tempo, os pesquisadores usaram formigas carpinteiras, cujas colônias mudam de estrutura dependendo da idade. 

Assim, eles coletaram espécies e levaram ao laboratório, os animais foram criados nas mesmas condições que as ambientais e os autores avaliaram como as formigas trocam cuspe e qual a composição do fluido

Ao final, concluíram que o fluido trofalático contém um complexo coquetel de proteínas que variam entre colônias e formigas individuais. No geral, 519 proteínas foram identificadas, das quais apenas 27 eram compostos centrais encontrados em todas as amostras. 

Também identificaram variações entre as proteínas dependendo de qual responsabilidade a formiga possui na colônia. As formigas cuidadoras tinham mais antioxidantes no “cuspe” do que as outras. Além disso, a idade da colônia também variava na quantidade dos componentes do líquido. Enquanto as colônias jovens priorizam o crescimento com níveis mais altos de proteínas de processamento de açúcares, as mais velhas tendem tinham mais moléculas de armazenamento.

Por fim, os autores querem aprofundar os estudos sobre o papel de cada proteína do fluido trofalático e saber como cada formiga sabe quais moléculas produzir e a quem entregá-las.

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