Pesquisadores descobriram evidências de que uma floresta tropical pré-histórica existiu há cerca de 90 milhões de anos na Antártida.
Na metade do período cretáceo, densas concentrações de CO2 atmosférico teriam criado temperaturas globais muito mais quentes. Isso derreteu as camadas de gelo polares e elevou os níveis do mar até 170 metros a mais do que é observado atualmente. Mas como seria o Polo Sul em um mundo assim? Cientistas ingleses e alemães descobriram uma amostra de solo florestal do período Cretáceo a 900 km do Polo Sul, que responde essa pergunta.
Uma floresta tropical pré-histórica na Antártida
Os pesquisadores do Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Polar e Marinha na Alemanha divulgaram sua descoberta e análise em artigo publicado na Nature. Uma análise das raízes, pólen e esporos preservados mostrou que o mundo naquela época estava muito mais quente do que se pensava anteriormente. O artigo também também sugere que os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera foram mais altos do que o esperado durante o período médio do Cretáceo.
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Anteriormente, pouco se sabia sobre o meio ambiente ao sul do Círculo Antártico naquele período. Agora, os pesquisadores descobriram evidências de uma floresta tropical temperada na região, como seria encontrada na Nova Zelândia hoje. Apesar de possuir uma noite polar de quatro meses, um terço de cada ano não existia luz solar que dava vida.
Agora, os investigadores descobriram indícios de uma floresta tropical temperada na região, como a que se encontraria hoje na Nova Zelândia. Isto aconteceu mesmo um ambiente que apresenta noite polar de quatro meses, o que significa que durante um terço de cada ano não havia qualquer luz solar que desse vida.
A presença da floresta sugere que as temperaturas médias rondavam os 12 graus Celsius, o que significa que não havia uma calota de gelo no Pólo Sul.
Como os pesquisadores chegaram a essas conclusões
As evidências de que houve a existência de uma floresta tropical na Antártida vem de um núcleo de sedimentos perfurado no fundo do mar perto dos glaciares Pine Island e Thwaites, na Antárctida Ocidental.
Os pesquisadores analisaram as amostras e descobriram uma densa rede de raízes fósseis, que se encontrava muito bem preservada. A amostra continha também inúmeros vestígios de pólen
Para reconstruir o ambiente desta floresta preservada, os cientistas avaliaram as condições climáticas em que vivem os modernos descendentes das plantas, bem como analisou os indicadores de temperatura e precipitação dentro da amostra.
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Eles verificaram que a temperatura média anual do ar era de cerca de 12 graus Celsius. As temperaturas médias do Verão foram de cerca de 19 graus Celsius. As temperaturas da água nos rios e pântanos atingiram até 20 graus.
O autor principal Dr. Johann Klages, do Alfred Wegener Institute Helmholtz Centre for Polar and Marine Research, afirmou: “Antes do nosso estudo, a hipótese geral era de que a concentração global de dióxido de carbono no Cretáceo era de cerca de 1000 ppm. Mas nas nossas experiências baseadas em modelos, foram necessários níveis de concentração de 1120 a 1680 ppm para atingir as temperaturas médias naquela época na Antártida”.
O artigo que descreve as amostras de solo florestais coletadas foi publicado na revista Nature, clique aqui para acessá-lo.