Filhote de pássaro encontrado em âmbar viveu com os dinossauros

Pedro Noah
Imagem: Lida Xing, Jingmai K. O'Connor, Ryan C. McKellar, Luis M. Chiappe, Kuowei Tseng, Gang Li, Ming Bai

Os insetos não foram as únicas criaturas que ficaram presas em âmbar durante o cretáceo. Pedaços de pássaros e dinossauros antigos também foram encontrados – e agora, um pássaro mais completo ainda foi descoberto.

Um pedaço de âmbar de mais de 100 milhões de anos encontrado em Birmânia, na Ásia, contém a cabeça, pescoço, asa, cauda e pés de um filhote de pássaro. Tinha apenas alguns dias nascido quando caiu em uma bacia de seiva que escorreu de uma conífera.

“É a parte mais completa e detalhada que já tivemos”, diz Ryan McKellar, do Royal Saskatchewan Museum, Regina, do Canadá, membro da equipe foi quem descreveu o achado. “Ver um registro destes completo é incrível. É simplesmente deslumbrante.”

Enquanto parece que a pele real e a carne do pássaro são preservadas na âmbar, é basicamente uma impressão muito detalhada do animal, diz McKellar. Estudos de achados semelhantes mostram que a carne se dividiu em carbono – e não há DNA utilizável.

Créditos: Xing Lida
Imagem: Xing Lida

A âmbar preserva algumas das cores da pena – mas, neste caso, não são terrivelmente emocionantes, admite McKellar. “Eles tinham pequenas partes empregadas em marrom.”

Reconstrução do animal. Créditos: Cheung Chung Tat
Reconstrução do animal. Imagem: Cheung Chung Tat

O desafortunado jovem pertencia a um grupo de pássaros conhecidos como os “pássaros opostos” que viviam ao lado dos ancestrais de pássaros modernos e parecem ter sido mais diversificados e bem sucedidos – até que foram extintos junto com os dinossauros há 66 milhões de anos.

Fósseis encontrados anteriormente e algumas asas preservadas em âmbar sugere que os “pássaros opostos” nasceram com penas aptas para o voo, prontos para se defenderem.

O novo achado acrescenta-se a essa evidência, como o filhote fossilizado tinha um conjunto completo de penas de voo e estava crescendo penas na cauda – mas, estranhamente, na maioria das vezes faltava penas pelo corpo, ao invés de estar recoberto por baixo, assim como nas crias de pássaros modernos.

Eles provavelmente nasceram e subiram nas árvores, diz McKellar, tornando-os particularmente propensos a ficar presos na seiva.

Registro da parte superior da asa. Créditos: Ming BAI
Registro da parte superior da asa. Imagem: Ming BAI

Aparentemente e provavelmente, os “pássaros opostos” assemelhavam-se aos pássaros modernos. Porém, eles tinham articulações do tipo “soquete-e-bola” em seus ombros, enquanto as aves modernas têm uma junta do tipo “bola-e-soquete” – daí o nome “pássaros opostos”. Eles também tinham garras, mandíbulas e dentes em vez de bicos – mas no momento em que este filhote viveu, os ancestrais dos pássaros modernos ainda não haviam evoluído bicos.

Garras muito bem preservadas. Créditos: Xing Lida
Garra muito bem preservada. Imagem: Xing Lida

A âmbar contendo o pássaro foi coletada por um museu na China há vários anos. Quando percebeu o que tinha em mãos, o museu contatou Lida Xing da China University of Geosciences, em Pequim, que liderou a equipe que descreveu o achado.

Local de campo onde foi encontrado. Créditos: Ming BAI
Local onde foi encontrado. Imagem: Ming BAI

O porquê os “pássaros opostos” morreram enquanto os antepassados das aves modernas sobreviveram ainda não está claro, mas a falta de cuidados parentais pode ter sido um dos fatores.

A maioria das aves modernas dependem de cuidados parentais – o peru da Austrália (que não tem relação com os perus americanos) é uma das poucas exceções.

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