Os dragões de komodo podem se reproduzir de duas formas: sexualmente ou assexualmente dependendo das suas condições ambientais. Na maioria dos zoológicos, as fêmeas vivem sozinhas e são mantidas separadas dos outros dragões.
No início deste ano, um dragão de Komodo fêmea chamada Flora colocou 25 ovos, dos quais 11 eram viáveis. Mas o que chama a atenção nesta história é o fato de que Flora nunca havia entrado em contato com um dragão macho enquanto estava no zoológico.
Três dos ovos em desenvolvimento colapsaram durante a incubação, fornecendo material embrionário para testar esta teoria. A equipe do zoológico trabalhou com Phillip Watts da Universidade de Liverpool para realizar a análise genética dos ovos colapsados.
E para surpresa de todos este teste de paternidade confirmou que todo o material genético dos ovos tinha vindo de Flora e que ela era de fato tanto a mãe quanto o pai dos ovos em desenvolvimento.
Tanto os machos como as fêmeas de dragões de Komodo realizam a meiose na qual as células se dividem para formar as respectivas células sexuais, espermatozoides ou óvulos. Nas fêmeas, a meiose produz quatro células ovo-progenitoras, uma das quais se torna o óvulo enquanto as outras três tipicamente são reabsorvidas pelo corpo da fêmea. Para Flora, uma das células extras agiu como um substituto do espermatozoide e fertilizou a célula do óvulo.
O evento de uma só mãe resultou em descendentes contendo o mesmo material genético da a mãe. Os dragões infantis de Flora não serão seus clones, no entanto, porque há embaralhamento genético acontecendo durante a fase de produção dos óvulos.
Por exemplo, nem todas as cópias dos genes são idênticas e cada gene tem uma forma alternativa. Se uma pessoa tem dois “alelos” para cabelos loiros, ela mostraria uma cabeça de cabelos claros, mas se um alelo fosse para cabelos loiros e o outro para cabelos castanhos escuros, existiria a possibilidade de a pessoa nascer morena. O mesmo processo de baralhamento ocorreu com os bebês dragões Komodo.
Com a capacidade de se reproduzir sem os machos, as fêmeas Komodo, de fato, poderiam produzir uma colônia totalmente nova por conta própria. Entretanto, as crias resultantes deste tipo de partenogénese são machos. Eles cresceriam para acasalar com sua própria mãe e, portanto, dentro de uma geração, haveria potencialmente uma população capaz de se reproduzir normalmente na nova ilha.
Isso trás um problema: a longo prazo esta prática poderia levar a problemas de saúde associados com a consanguinidade, já que toda a colônia teria uma diversidade genética muito baixa.
Agora os cientistas se perguntam se o ato de manter machos e fêmeas separados poderia levá-los a mudar da reprodução sexual para a assexuada, e se isso poderia levar a uma diminuição da diversidade genética.
FONTE / LiveScience