Você já pensou como deve ser ir para a Lua? Bom, não deve ser muito legal se considerarmos a dificuldade de se limpar a poeira pegajosa da Lua que fica presa no traje, no entanto.
Se as pessoas ficam irritadas com a areia da praia, que entra em todos os lugares possíveis, na Lua isso é pior. A poeira lunar possui bastante energia estática. Isso faz com que ela grude em tudo, e deve ser muito chato de efetuar essa limpeza.
A próxima missão tripulada para a Lua está programada para 2024. Trata-se da missão Artemis, da NASA. Os astronautas precisam, portanto, tomar cuidado. A areia pode danificar equipamentos e componentes importantes.
Além disso, se inalada, a poeira lunar pode representar riscos até mesmo para a saúde dos astronautas. Os astronautas da Apollo 17 sofreram bastante com os efeitos dessa poeira.
Por bilhões de anos, a Lua foi constantemente bombardeada por impactos de rochas espaciais. Isso cria, ao longo do tempo, uma camada de poeira como “cacos de vidro quebrados”, como compara o físico Mihály Horányi ao Science News.
Portanto, inalar a poeira lunar significaria ter a sua garganta e nariz cortados por dentro (levemente, como um jateamento). Além disso, pela estranheza, você provavelmente teria alergia. Ela é tóxica para humanos.
Durante as missões Apollo, os astronautas utilizavam escovas para limpar o traje antes de retornar para a nave. No entanto, essa não é uma forma muito efetiva de se fazer isso, já que a poeira é extremamente pegajosa.
Um limpador tecnológico
Os cientistas da Universidade do Colorado, Estados Unidos, trabalham em um limpador bastante curioso: um feixe de elétrons, descrito em um artigo no periódico Acta Astronautica.
Pois é, um aspirador de pó não funcionaria contra a poeira pegajosa da Lua. Como as partículas são pegajosas por culpa da energia estática, o ideal seria utilizar cargas elétricas para lutar contra elas também. E por isso um feixe de elétrons pode ser uma saída inteligente.
“É realmente irritante”, diz o co-autor Xu Wang em um comunicado. “A poeira lunar adere a todos os tipos de superfícies – trajes espaciais, painéis solares, capacetes – e pode danificar equipamentos.”
Quando você era criança provavelmente já brincou com ímãs. Sabe aquele efeito de repulsão quando você aproxima dois pólos iguais? É de um princípio parecido que partem os cientistas.
Se as partículas estão grudadas por estarem carregadas, basta atingir a superfície com uma carga igual às da partículas. Dessa forma, elas serão rapidamente repelidas.
“As cargas tornam-se tão grandes que se repelem e, em seguida, a poeira é ejetada da superfície”, explica Wang. O autor principal, Benjamin Farr, disse que “Funcionou muito bem, mas não o suficiente para terminarmos”.
Quando os astronautas foram para a Lua, eles trouxeram amostras da poeira lunar. Os cientistas da NASA foram, portanto, capazes de criar um “simulador” dessa poeira para testes.
Os cientistas foram capazes de eliminar de 75% a 85% da poeira nas superfícies. Isso demonstra a maior eficiência, se comparado a uma escova. Mas melhorias ainda são necessárias. 25% a 15% da poeira restante poderia ainda causar bastante estrago.
O estudo foi publicado no periódico Acta Astronautica. Com informações de Science News e University of Colorado Boulder.