Estudo mostra influência positiva de Greta Thunberg na juventude norueguesa

Felipe Miranda
Greta Thunberg. Imagem: World Economic Forum / Manuel Lopez

Você deve conhecer Greta Thunberg por seu ativismo político em relação a políticas ambientais. Se você não a conhece por isso, ou não se lembra de seu nome, deve se lembrar de quando ela viralizou quando disse “how dare you” (como ousa, como se ateve) em um acalorado discurso nas Nações Unidas, em Nova York para centenas de líderes mundiais.

Ecossistemas inteiros estão em colapso. Estamos no início de uma extinção em massa, e tudo o que você pode falar é sobre dinheiro e contos de fadas de crescimento econômico eterno. Como se atrevem!”, disse Greta em um trecho de seu discurso.

Com esse discurso, a jovem sueca virou um meme, e acabou sendo zoada por muita gente. No entanto, isso abriu espaço para que mais pessoas se conectassem ao seu discurso, já que muita gente não conhece nada sobre a luta pelo meio ambiente. Então, viralizando na internet, Greta deu uma maior visibilidade para o debate das mudanças climáticas.

Agora, um novo estudo no periódico Sociology demonstrou que desde que tornou-se mais popular, Greta influenciou milhares de jovens noruegueses. Não só na Noruega, o movimento “Fridays for future” (Sextas-feiras pelo futuro) se popularizou pelo mundo todo. O movimento de escala internacional consiste em jovens que não vão à escola às sextas-feiras para realizar protestos que pressionem líderes a realizar medidas contra as mudanças climáticas.

“O que vemos é que Greta Thunberg tem sido muito importante na união de jovens que já estavam preocupados com o clima. Ela também ajudou a conscientizar mais jovens sobre o clima, especialmente em 2019”, diz diz o pesquisador Jan Frode Haugseth, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) em um comunicado.

Melhora na conscientização

O estudo não nasceu da ideia de entender a influência de Greta pelo mundo. Na verdade, em 2017, os pesquisadores olhavam para como os jovens compartilhavam suas opiniões sobre modelos que a Noruega poderia seguir.

“Quando começamos essas pesquisas em 2017, não tínhamos nenhuma ambição particular de olhar para a conscientização climática. Queríamos saber o que os jovens pensam sobre nossos tempos e o que os inspira”, diz Haugseth.

No entanto, em 2019 eles perceberam algo interessante.

“Descobrimos que, em 2019, muito mais jovens escreveram que a ameaça climática era importante e estavam preocupados com a transição para uma economia sustentável, reestruturação e solidariedade climática”, disse Haugseth.

“As respostas de 2017 foram menos detalhadas. Os jovens estavam a ficar preocupados com a necessidade de encontrar outras formas de gerir a sociedade. Pudemos ver que depois de 2019 eles argumentaram de uma maneira mais holística”, disse Haugseth.

“Também descobrimos que os jovens conscientes do clima em 2019-2020-2021 se expressaram como ‘nós’ em maior medida do que em 2017. Eles vêm de lugares diferentes e não se conhecem, mas, no entanto, desenvolveram uma espécie de comunidade. Eles se conscientizaram uns dos outros, que há mais pessoas do que eles mesmos que estão preocupadas com o clima e que são necessárias soluções mais versáteis do que as que a geração adulta criou”, diz Eli Smeplass, que faz dupla com Haugseth.

Jovens não ligam para estudos, mas se inspiram em Greta

Greta Thunberg Lausanne Palais de Rumine 17 Janvier 2020 copie
Greta Tunberg. Imagem: Markus Schweizer

Os pesquisadores também destacaram uma coisa: os jovens não mencionam estudos e relatório climáticos – isso é uma linguagem muito técnica. Eles mencionam Greta, que chega com uma linguagem mais próxima da deles, além da idade, já que ela acabou de deixar de ser uma adolescente.

“Thunberg alcançou os jovens em uma extensão muito maior do que o painel climático da ONU conseguiu fazer. Nenhum dos jovens menciona os relatórios climáticos em suas respostas”, diz Smeplass.

“O que nos interessa é como os jovens defendem a importância de seu compromisso climático. Porque isso nos diz algo sobre o que eles estão realmente exigindo e esperando do futuro. Em outras palavras, as cúpulas climáticas não são necessariamente os focos mais eficazes para o engajamento climático dos jovens daqui para frente”, diz Smeplass.

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