Uma nova teoria tenta explicar a origem dos misteriosos buracos negros supermassivos que estão no centro de quase todas as galáxias. E fala que suas origens podem remontar a outro misterioso e hipotético objeto do universo primitivo: as estrelas negras.
Estudos sugerem que estrelas negras seriam feitas do mesmo material que estrelas normais – ou seja, hidrogênio e hélio. Uma questão crucial, contudo, leva os cientistas a crer que essas estrelas não são somente feitas desses materiais.
Por serem um dos primeiros tipos de estrelas formadas após o Big Bang, uma quantidade significativa de partículas massivas que interagem fracamente (WIMPs), uma candidata à matéria escura, poderia estar presente nas composições das estrelas negras. Essas WIMPs poderiam se aniquilar e manter o núcleo da estrela estável para não entrar em colapso gravitacional, como o que ocorre com as estrelas atuais.
Para a revista Astronomy, a pesquisadora Katherine Freese, da Universidade do Texas, disse que os WIMPs representam apenas cerca de 0,1 por cento da massa total de uma estrela escura. Mas apenas este pequeno pedaço de combustível WIMP poderia manter uma estrela escura por milhões, ou até mesmo bilhões de anos.
“Elas podem continuar crescendo enquanto houver combustível de matéria escura”, disse Freese à Astronomy. “Nós assumimos que elas podem chegar a até 10 milhões de vezes a massa do Sol e 10 bilhões de vezes mais brilhante que o Sol, mas nós realmente não sabemos. Não há nenhum corte em princípio”.
Muito do que se sabe sobre a origem dos buracos negros se elucida em estrelas relativamente jovens em relação à idade do universo. Buracos negros supermassivos, entretanto, estão aqui por muito mais tempo que as estrelas capazes de criar os comuns encontrados fora do núcleo de galáxias.
A hipótese das estrelas negras lança uma resposta para o que poderia ter criado esses buracos negros supermassivos de bilhões de anos. Isso, contudo, só poderá se reforçar com observações mais profundas do universo, como as que o novo Telescópio Espacial James Webb, que ainda está por ser lançado no espaço, promete nos oferecer.
“Se uma estrela escura de um milhão de massas solares fosse encontrada [pelo James Webb] no seu início, é bem claro que tal objeto acabaria como um grande buraco negro”, disse Freese. “Então elas poderiam se fundir para fazer buracos negros supermassivos. Um cenário muito razoável!
Para provar essa hipótese, teremos que contar com os equipamentos de nova geração e esperar que uma estrela escura, mesmo que sozinha, esteja vagando em algum lugar no espaço.