Estrela é “catapultada” por explosão de supernova

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Mark Garlick/University of Warwick)

Astrônomos perceberam algo estranho em uma estrela – ela está andando muito rápido – algo que é bastante incomum. O motivo? Bom, estranhamente, possivelmente a estrela foi catapultada por uma explosão de uma supernova.

A cerca de 1430 anos-luz de distância da Terra, a Dox, como foi apelidada a SDSS J1240 + 6710, circula na mesma direção que a galáxia a 900 mil quilômetros por hora – cem mil vezes a velocidade do Sol.

Pensa-se que a anã branca estava em um sistema binário, quando “sugou” parte da companheira e explodiu em uma supernova. A Dox, por sua vez, não só sobreviveu, mas foi lançada como uma folha ao vento.

Não apenas sua velocidade indica para esse fim, mas a sua composição é bastante incomum, e difere agressivamente das outras estrelas do seu tipo ou da região em que ela se formou. 

Estranheza gera desconfiança

Anãs brancas comumente fundem elementos entre hidrogênio, hélio e carbono – uma massa superior a isso, para chegar a elementos como neônio, elas deixam de ser anãs brancas, já que a massa se torna grande e concentrada de mais, o que a faria colapsar em um buraco negro ou estrela de nêutrons.

Esta, entretanto, ao invés de ter hélio em predominância, possui uma mistura maluca e incomum de oxigênio, neônio, magnésio e silício. São elementos que podem ocorrer em um núcleo estelar, mas em composições diferentes desta.

Recentemente, mais uma pista foi encontrada pelo Telescópio Espacial Hubble. O telescópio localizou a existência de carbono, sódio e alumínio em sua superfície, elementos geralmente produzidos em supernovas, conforme a BBC.

Já os elementos mais pesados, produzidos após um certo tempo da explosão, como ferro e níquel, estão ausentes. Isso pode indicar que a estrela presenciou o início de uma explosão de supernova.

A possibilidade de ela ter estado próximo apenas no início da supernova, pode explicar a sua composição incomum e a sua alta velocidade – ela foi “soprada” para longe logo que a supernova se iniciou.

Segunda vida

O mais bizarro de tudo é que ela é um “zumbi”, uma segunda vida de uma anã-branca. Basicamente, apesar de o Sol ser sozinho, sistemas binários de estrelas são mais comuns.

Quando a Dox estava como uma anã-branca na vida passada, acabou perdendo todo o seu combustível e começou a esfriar. A gravidade daquela bola de massa começou a roubar a matéria de sua companheira. 

Após ganhar mais massa e conseguir pressão suficiente, desencadeou uma reação termonuclear que resultou em uma supernova. Até aí tudo bem, isso é comum e é uma das formas como ocorre esse fenômeno. 

A parte incomum da história é o fato de ela ter sobrevivido. Uma supernova é uma explosão extremamente violenta, que oblitera o que um dia foi uma anã-branca, mas essa guerreira foi bem, e a estrela foi “catapultada” por explosão de supernova.

Ela perdeu um pouco de sua massa, de fato. Um dos pontos que levantou desconfiança, além da velocidade e da composição maluca, é o fato de ela ter a massa consideravelmente menor do que o esperado, cerca de 40% da massa solar.

“Quando descobrimos que essa anã branca incomum era muito baixa em massa e realmente se movia rapidamente, isso realmente despertou minha curiosidade sobre o que aconteceu com ela no passado”, disse o autor Boris Gänsicke ao Space.com.

O estudo foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Com informações de BBC e Space.com.

Compartilhar