Estes tubarões produzem um brilho misterioso que está intrigando os cientistas

Damares Alves
(David Gruber)

A bio fluorescência é uma característica na qual os organismos vivos podem absorver e reemitir a luz em uma cor diferente. Não deve-se confundir bio fluorescência com a bioluminescência que trata-se da luz produzida por uma reação química dentro de um organismo vivo.

Um brilho misterioso no oceano

Foi recentemente descoberta uma característica no mínimo, curiosa de um tubarão que vive nas águas profundas e salgadas do oceano, esse animal possui um mecanismo de fluorescência nunca visto antes em outro organismo.

Em duas espécies de tubarões gatos, o Scyliorhinus retifer e o Cephaloscyllium ventriosum, ambos manchados de padrões claros e escuros – o brilho biofluorescente é produzido por uma via química exclusiva desses animais.

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Imagem: David Gruber

A peculiaridade dessas criaturas

Diferente dos outros animais em que maioria deles desenvolveu um mesmo mecanismo – todos os outros animais conhecidos produzem a fluorescência graças a proteínas verdes fluorescentes (GFP), proteínas que são muito semelhantes à GFP, ou proteínas de ligação a ácidos graxos (FABP).

O brilho destes tubarões é produzido por metabólitos de pequenas moléculas de triptofano-quinurenina bromados, encontrados apenas nas partes mais claras de sua pele padronizada.

Esses metabólitos em sua pele ajudam a produzir fluorescência em condições de pouca luz no fundo do mar. Isso é invisível ao olho humano nu, e é por isso que a fluorescência só foi descoberta há pouco anos.

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Eles canalizam essa fluorescência através de suas escamas, ou dentículos, que parecem ser estruturados especificamente para a tarefa, de modo que brilham com luz verde reemitida. Imagem: James Weaver

Os pesquisadores acreditam que pode ser como uma linguagem visual secreta que apenas os tubarões podem entender – ajudando-os a caçar e acasalar – já que apenas esses animais produzem a fluorescência desta maneira.

“É um sistema completamente diferente para eles verem uns aos outros que outros animais não podem necessariamente usar”, disse o biólogo químico Jason Crawford, da Universidade de Yale.

“Eles têm uma visão completamente diferente do mundo em que estão por causa dessas propriedades biofluorescentes que sua pele exibe e que seus olhos podem detectar.”

Uma arma contra bactérias

É possível que os metabólitos também ajudem a manter os tubarões saudáveis. Os pesquisadores observaram que os tubarões pareciam extraordinariamente limpos, sem bioincrustações ou grandes crescimentos de bactérias em sua pele. 

Quando os pesquisadores isolaram alguns dos metabólitos e os colocaram contra dois patógenos bacterianos, Staphylococcus aureus e Vibrio parahaemolyticus, dois dos metabólitos mostraram alguma capacidade de inibir o crescimento dessas bactérias. Isso pode ser um indicativo de que as moléculas fluorescentes possuem algumas propriedades antimicrobianas. Porém, mais estudos ainda devem ser feitos.

A pesquisa foi publicada no iScience. Com informações de Science Alert.

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