Este mineral raro é mais antigo que a própia Terra

Damares Alves
Uma imagem de krotita sob o microscópio. Imagem: CalTech.

mineral krotite é um tesouro cósmico fascinante que desafia nossa compreensão sobre a formação do universo. E não estamos falando de diamantes ou rubis. Essa substância rara surgiu há bilhões de anos, muito antes do nascimento da Terra, em condições extremas que mal podemos imaginar.

Sua descoberta oferece aos cientistas uma janela única para os primórdios do Sistema Solar. O krotite é tão incomum que sua existência parece quase fictícia, rivalizando com as gemas mais preciosas em termos de raridade e valor científico. Sua origem extraterrestre o coloca em uma categoria própria entre os minerais conhecidos pela humanidade.

O krotita é um mineral verdadeiramente extraordinário. Sua formação ocorreu em temperaturas extremamente altas, comparáveis às encontradas no interior de estrelas moribundas ou no disco de material que deu origem ao nosso Sol.

Em 2011, cientistas fizeram uma descoberta notável ao encontrar krotita em um fragmento de meteorito na África. Esse meteorito, denominado NWA 1934, viajou pelo cosmos por bilhões de anos antes de cair na Terra. A krotita não pode se formar naturalmente em nosso planeta devido às condições específicas necessárias para sua criação.

As circunstâncias que deram origem à krotita são semelhantes às dos primórdios do Sistema Solar, há cerca de 4,6 bilhões de anos. Isso sugere que esse mineral seja um dos mais antigos em nossa vizinhança cósmica.

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Imagens de elétrons de retroespalhamento mostrando um grão de outro mineral chamado hexamolibdênio encerrado em krotita perto da borda. Imagem: CalTech.

Os meteoritos funcionam como cápsulas do tempo, preservando minerais como a krotita em seu estado original. Diferentemente da crosta terrestre, que está em constante transformação, os meteoritos permanecem praticamente inalterados. Isso permite aos cientistas estudar a krotita como era há bilhões de anos.

O krotita, um mineral raro encontrado em meteoritos, oferece pistas fascinantes sobre o início do sistema solar. Essa substância, composta por cálcio, alumínio e oxigênio, só poderia se formar em temperaturas extremamente altas, semelhantes às da nebulosa solar primitiva.

Os pesquisadores têm uma teoria sobre como esse mineral se formou. Primeiro, ele se cristalizou no ambiente quente da nebulosa solar. Depois, reagiu com um gás rico em alumínio, criando camadas de minerais diferentes. Eventos de derretimento parcial causaram a corrosão de alguns minerais e a formação de outros. Por fim, processos mais frios introduziram cloro e ferro.

Curiosamente, os humanos criaram algo muito parecido sem perceber. Certos tipos de cimento aluminoso têm uma composição química quase idêntica à do krotita. A diferença está no arranjo dos átomos, assim como o diamante e o grafite são feitos do mesmo elemento, mas têm estruturas diferentes.

Outro mineral meteorítico, o dmitryivanovita, também se assemelha ao krotita em sua fórmula química. Ambos receberam nomes em homenagem a cientistas importantes: Alexander Krot, que estudou os processos do sistema solar primitivo, e Dmitriy Ivanov, respectivamente.

Essa semelhança entre minerais extraterrestres e materiais terrestres destaca como a natureza às vezes imita a si mesma em escalas cósmicas e humanas. O estudo desses compostos pode revelar segredos sobre a formação de planetas e o desenvolvimento de novos materiais aqui na Terra.

A krotita pode ser mais antiga que a Terra. Ela nos lembra das forças surpreendentes que moldaram o universo. A geologia não está apenas sob nossos pés, mas também sobre nossas cabeças. Basta olhar com atenção para perceber.

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