Este geoglifo de cavalo gigante sobreviveu intacto por 3.000 anos

Damares Alves
O cavalo de giz em Uffington, Oxfordshire (AP Photo)

Em um vale perto da vila de Uffington, em Oxfordshire, na Inglaterra, encontra-se no topo de um morro batizado como Uffington White Horse, o geoglifo de um cavalo branco que, contra todas as probabilidades, sobreviveu intacto durante três milênios.

A figura no morro é um pictograma de giz do tamanho de um campo de futebol, visível a 32 quilômetros de distância. Essa tamanha conservação do cavalo de giz só foi possível porque os moradores da região tem uma tradição histórica: a cada sete anos eles se juntam com martelos, baldes de giz e joelheiras para limpar e reforçar as formas do antigo geoglifo.

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Hieroglifo de cavalo
Moradores usam martelos para fazer a manutenção do local histórico. (Foto: Emily Cleaver)

A datação do grande geoglifo de cavalo

Riscar ou “vasculhar” o grande geoglifo de cavalo já era um costume antigo quando o antiquário Francis Wise escreveu sobre ele em 1736. “A cerimônia de vasculhar o cavalo, desde tempos imemoriais, foi solenizada por um grupo numeroso de pessoas de todas as aldeias da região”, ele relatou.

No passado, milhares de pessoas iam até lá para a limpeza, realizando uma feira no círculo de um forte pré-histórico próximo. Hoje a tradição continua e qualquer um que queira ajudar é bem vindo.

Hieroglifo de cavalo
Adultos e crianças fazem a limpeza do local. (Foto: Emily Cleaver)

A datação da figura só foi possível recentemente, isso porque anteriormente acreditava-se que a figura era composta apenas pelo giz disposto ao chão, mas uma análise detalhada mostrou que a escultura é cravada em pedra, tendo um metro de profundidade. Isso significa que é possível usar uma técnica chamada luminescência estimulada óptica para datar camadas de quartzo na vala que corta a colina.

A história da figura milenar

Não se sabe com certeza como o cavalo foi feito. Mas desde o início ele precisaria de manutenção regular, porque caso contrário, ele seria apagado e coberto pela vegetação em menos de trinta anos. Uma figura de giz requer um grupo social para mantê-la. Pode ser que a limpeza de hoje seja um eco de uma reunião ritual que fazia parte da função original do cavalo.

Para os habitantes locais, o cavalo faz parte do cenário da vida cotidiana. Os moradores da vila constroem suas casa de forma que os quartos fiquem alinhados de frente para o cavalo. Ofertas, flores, moedas e velas são deixadas no local. Manter o cavalo é algo que passou de geração para geração durante muitos anos, está entrelaçado a cultura da região.

O cavalo, que só pode ser visto de cima ou de um platô adjacente à distância, é único em suas características e isso leva alguns a acreditar que representa o dragão mítico que São Jorge matou na colina do dragão adjacente ou até mesmo seu cavalo. No entanto, outros acreditam que ela representa uma deusa celta do cavalo Epona, conhecida por representar fertilidade, cura e morte. 

Outros acreditam que pode ter sido o emblema de uma tribo local e que tenha sido criado como um totem ou distintivo que marca sua terra. Como alternativa, o cavalo poderia ter sido esculpido na montanha por adoradores do deus do sol Belinos ou Belenus, que estava associado a cavalos. Ele às vezes era retratado cavalgando. É possível que, se essa sugestão estiver correta, o cavalo poderia ter sido cortado na encosta mais rasa no topo da colina para ser visto de cima pelo próprio deus.

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