Este bolo de frutas está intacto depois de um século na Antártica

Felipe Miranda
(Antarctic Heritage Trust).

No ano de 2017, cientistas encontraram, na Antártica, um bolo de frutas intacto com mais de um século de idade. O bolo estava no acampamento construído por um explorador britânico, no que é uma das construções mais antigas do continente Antártico.

O continente Antártico, embora seja coberto por gelo, é um dos locais mais secos do planeta. Além disso, a embalagem do bolo ficou intacta por todo esse tempo. Esses e diversos outros fatores contribuíram, então, para a conservação do bolo por um tempo tão longo. Quem escondeu o embrulhou em papel, além da proteção extra de uma lata, agora já corroída.

Os descobridores do bolo o descrevem como algo que parece e cheira “quase comestível”. 

Por que fizeram isso?

Os cientistas acreditam que quem deixou o bolo foi o oficial da Marinha Real britânica Robert Falcon Scott. O militar liderou a Expedição Terra Nova, que durou de 1910 a 1913. No entanto, Scott não voltou para a casa – ele morreu antes do término da missão, na Plataforma de gelo Ross. 

A expedição deveria ser a primeira atingir o Pólo Sul. Os ingleses estavam convictos que o feito funcionaria. No entanto, os chegar lá, constataram que uma expedição da Noruega já pisara ali algumas semanas antes, liderada por Roald Amundsen. Então, a expedição de Scott foi a segunda a pisar no continente. 

A missão não fracassou apenas nesse ponto, entretanto. Scott e mais quatro homens morreram na viagem de regresso. Além disso, eles não souberam escolher os equipamentos. Os cavalos morreram de exaustão, os trenós motorizados pifaram com o frio. De qualquer maneira, os britânicos consideraram Scott como um herói. Ele morreu  em missão, auxiliando na expansão do poderoso Império Britânico.

Vale lembrar que pisar na Antártica e pisar no Pólo Sul não é a mesma coisa. A Antártica é um continente consideravelmente grande – maior do que a Europa e a Oceania. O Pólo Sul, por sua vez, é a região mais ao Sul do globo, que engloba apenas uma parte da Antártica, mais ou menos próximo ao meio do continente. Embora a missão de Amundsen pisou no Pólo Sul somente em 1911, exploradores já pisaram na Antártica quase cem anos antes.

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(Wikimedia Commons).

O bolo de frutas intacto

“O bolo de frutas era um item popular na sociedade inglesa na época e continua popular hoje”, disse Lizzie Meek, gerente de conservação de artefatos do Antarctic Heritage Trust ao National Geographic, na ocasião da descoberta, em 2017. “Viver e trabalhar na Antártica tende a levar ao desejo por alimentos com alto teor de gordura e açúcar, e bolo de frutas se encaixa muito bem, sem mencionar que vai muito bem com uma xícara de chá”.

O bolo foi fabricado pela empresa britânica de biscoitos Huntley & Palmers – que ainda existe e em 2022 completará 200 anos. Scott contratou a empresa para fornecer biscoitos e bolos para a expedição. Expedições militares precisam de doces, pois doces têm muitas calorias. É, então, justamente a empresa responsável que dá as pistas para chutar o responsável pelo bolo enterrado.

Ninguém o comeu é claro. Mas quem entrou em contato com o bolo insiste que a aparência estava boa. “Tinha um cheiro muito, muito leve de manteiga rançosa, mas fora isso, o bolo parecia e cheirava comestível! Não há dúvida de que o frio extremo da Antártica ajudou sua preservação”, explica Meek à Smithsonian Magazine.

Junto ao bolo, no total, a Antarctic Heritage Trust encontrou 1500 artefatos dos prédios localizados em Cape Adare, um península na Antártica. Dentre os artefatos, um dos mais impressionantes é uma pintura do pássaro Trepadeira-do-bosque, feita pelo cientista chefe da missão de Scott, Edward Wilson. Veja na imagem abaixo:

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(Antarctic Heritage Trust).

Com informações de Ancient Origins, National Geographic e Smithsonian Magazine.

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