De acordo com um novo conjunto de artigos científicos publicados na revista Elements, estamos perturbando o ciclo de carbono da Terra mais que o asteroide que aniquilou os dinossauros.
Os artigos são de autoria de várias equipes de cientistas do Deep Carbon Observatory (DCO). Unidos, esses grupos internacionais somam mais de 1.000 cientistas que se especializaram na movimentação do carbono da Terra, fazendo desse estudo um dos mais acurados sobre o tema climático.
Os cientistas analisaram o ciclo de carbono da Terra dos últimos 500 milhões de anos e notaram que, nesse período, ele foi relativamente estável — foi o que manteve o ar respirável e o clima hospitaleiro para a biodiversidade que habita o planeta.
Os processos naturais que fazem a movimentação do carbono na Terra são perturbados, raramente, por eventos cataclísmicos, como a queda do asteroide há 65 milhões de anos que desencadeou uma instabilidade nessa movimentação de carbono: excessos de dióxido de carbono foram para a atmosfera e as placa tectônicas, principal responsável por manter o carbono no manto, não foi suficiente para manter o ciclo/clima estável e, aos poucos, colaborou para a extinção das grandes espécies que habitavam o planeta na época, como os grandes dinossauros.
Contudo, apesar do ciclo ter se estabilizado desde a queda do asteroide, os cientistas descobriram que, hoje, a ação antropogênica também está resultando instabilidade nele, e pode resultar em extinções generalizadas de espécies, já que a Terra começa a ficar mais quente e climas e regiões começam a se alterar.
“Hoje, o fluxo de carbono gerado de forma antropogênica, principalmente a partir da queima de combustíveis fósseis que se formou ao longo de milhões de anos, está contribuindo para uma grande perturbação no ciclo do carbono”, escreveram os pesquisadores.
Os pesquisadores acreditam que, ao estudar esses ciclos, podemos entender o próximo grande cataclismo climático que irá se desenrolar no futuro, como aquele que está bem diante dos nossos olhos, causado pelas ações humanas.
A pesquisa apontou que as emissões de CO2 mais elevadas relacionadas com a queda do asteroide são inferiores às emissões cumulativas e contínuas associadas às alterações climáticas provocadas pela humanidade.
Apesar de apontar certa instabilidade crescente no ciclo do carbono na atualidade, o estudo não afirma que somos piores que os eventos cataclísmicos naturais, mas aponta um rumo que pode ser trágico se políticas de emissões não se alterarem o quanto antes.
FONTES / Elements / LiveScience