Estado brasileiro irá renovar 340 km de rodovia com concreto, que dura o dobro do asfalto convencional e é usado nos EUA

Redação SoCientífica
Imagem: Roberto Dziura Jr/AE

O estado do Paraná está implementando uma solução inovadora para melhorar sua infraestrutura rodoviária: a pavimentação com concreto. Com aproximadamente 340 km de rodovias sendo renovadas ou construídas utilizando esta tecnologia, o governo estadual busca aumentar a durabilidade das estradas e reduzir os custos de manutenção a longo prazo.

O projeto se inspira nas estradas americanas e alemãs, consideradas as mais eficientes do mundo. Segundo o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, “Como um estado forte na produção agrícola e industrial, fomos buscar as melhores soluções de infraestrutura adotadas pelo mundo. As estradas de concreto são opções mais duradouras e que aguentam melhor o tráfego pesado”, disse ele.

A principal vantagem do pavimento rígido em relação ao asfalto convencional é sua durabilidade. Enquanto as estradas de asfalto têm uma vida útil média de 10 anos, as rodovias de concreto podem durar pelo menos 20 anos. Além disso, os custos de manutenção são significativamente menores.

Janice Kazmierczak Soares, diretora técnica do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), explica: “As manutenções no pavimento rígido acontecem muito mais tarde do que no asfalto e são pontuais e simples. Por demandar muito menos reparos, não é nem necessário ter um contrato de manutenção constante, por exemplo, como é preciso ter nos trechos de pavimento flexível”.

Embora o custo inicial de construção de uma estrada de concreto possa ser maior, estudos de viabilidade mostram que, no longo prazo, essa opção se torna mais econômica. “Todos os projetos contam com estudos de viabilidade que comparam as duas técnicas, os preços dos ligantes asfálticos e do concreto, além dos custos de manutenção nos anos seguintes. Em geral, em 5 ou 10 anos, o pavimento rígido vai ser mais vantajoso. Isso reforça o compromisso do Estado em projetos de longo prazo”, afirma Janice.

Em alguns casos, a vantagem econômica é evidente já durante a fase de construção. Um exemplo é o trecho de 60 quilômetros da PRC-280 entre Palmas e General Carneiro, onde o estudo apontou que o concreto era mais viável devido às condições do asfalto existente e ao alto tráfego de veículos pesados.

Além das vantagens econômicas, as rodovias de concreto oferecem benefícios operacionais para os usuários. Com menos manutenções necessárias, há menos interrupções no tráfego devido a obras. O consumo de combustível dos veículos também tende a ser menor, graças à superfície mais regular do pavimento.

Estradas de concreto possuem maior durabilidade e menor custo de manutanção quando comparadas com as de asfalto. Imagem: iStock
Estradas de concreto possuem maior durabilidade e menor custo de manutanção quando comparadas com as de asfalto. Imagem: iStock

A segurança é outro aspecto positivo. A texturização do concreto melhora a aderência dos pneus e reduz o risco de aquaplanagem em dias chuvosos. À noite, a coloração mais clara da pista aumenta a visibilidade, facilitando a identificação de objetos na estrada.

Uma das técnicas utilizadas na aplicação do pavimento de concreto é o “whitetopping”, que consiste na aplicação de uma camada de concreto sobre uma base de asfalto existente. Este método permite uma execução mais rápida e econômica da obra.

Para garantir a qualidade das novas estradas, o DER-PR realizou um teste inovador na PRC-280 entre Clevelândia e Palmas. Utilizando um caminhão equipado com lasers, foi possível medir os níveis de deformação do pavimento quando exposto a cargas pesadas. Esta tecnologia, chamada Traffic Speed Deflectometer Device (TSDd), permitiu avaliar 60 quilômetros de rodovia em apenas três horas, comprovando a qualidade da construção.

De acordo com Dejalma Frasson Júnior, gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), as estradas de concreto têm uma história centenária no mundo. “No Brasil, com a construção de Brasília e a fundação da Petrobras, o concreto acabou sendo direcionado para a construção da capital e o asfalto dominou a pavimentação”, disse ele.

Mas, nos últimos anos, o cenário tem mudado.

Com o aumento das fábricas de concreto, a redução das diferenças de preços das matérias-primas e os avanços tecnológicos, o pavimento rígido voltou a ganhar interesse entre os gestores públicos que buscam soluções mais duradouras para as rodovias.

O Paraná está na vanguarda dessa tendência, com 13 trechos diferentes totalizando cerca de 340 quilômetros de rodovias de concreto em várias fases de implementação. Estes projetos incluem importantes eixos rodoviários do estado, como a PRC-280, a PRC-466 e a Rodovia dos Minérios, além de contornos e ligações metropolitanas.

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