Que o Espinossauro aegyptiacus é um dos dinossauros mais estranhos já descobertos, não há dúvidas. O antigo predador, que chegava a pesar até 7 toneladas. Com 15 metros de comprimento, ele tinha uma boca parecida com a dos crocodilos atuais, cheia de dentes cônicos. Ao longo de décadas as adaptações de seu corpo acabaram em uma longa cauda estreita.
Mas, uma nova descoberta muda completamente a forma como o animal é visto. Novos fósseis encontrados formam uma cauda quase completa, a primeira já achada. Aliás, o apêndice é semelhante a uma raquete óssea gigante.
A cauda do gigante espinossauro
Até hoje, essa cauda é a adaptação aquática mais antiga já encontrada em um dinossauro. Assim, a sua descoberta foi realizada no Marrocos, aumentando a nossa compreensão sobre o período Jurássico e Cretáceo, onde esses gigante dominavam a Terra.
A calda deste antigo réptil é semelhante a um remo. Em seu final praticamente não existiam ossos, deixando essa cauda ondular de um lado para outro, impulsionando o animal por meio da água. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que o espinossauro tenha percorrido todo o ecossistema fluvial da região onde hoje fica Casablanca.
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“Este era basicamente um dinossauro tentando construir um rabo de peixe”, diz o explorador emergente da National Geographic, Nizar Ibrahim, principal responsável pela pesquisa. Aliás, quem sabe ela tenha o ajudado a caçar os enormes peixes da época.
Em 2014 um grupo de pesquisadores liderados por Ibrahim afirmaram que o espinossauro foi o primeiro dinossauro semiaquático. Assim, acabou gerando questionamentos de colegas da profissão, alguns pensavam que era um indivíduo único em vez do próprio espinossauro.
![Um osso da pata do espinossauro, ainda presa no arenito vermelho, no sítio de escavação em Marrocos. O fóssil de dinossauro aqui desenterrado é o terópode do Cretáceo mais completo alguma vez encontrado no norte de África. FOTOGRAFIA DE PAOLO VERZONE/NATIONAL GEOGRAPHIC](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2020/04/Espinossauro-1-1280x959.jpg)
Outros animais evoluíram naquela época
Os pesquisadores acreditam que o espinossauro viveu entre 95 e 100 milhões de anos atrás, durante o Cretáceo. Aliás, naquela época outros répteis evoluíram para viver em ambientes marinhos, como os ictiossauros, parecidos com golfinhos e os plesiossauros de pescoço longo.
Agora com as análises da cauda, são fortes os argumentos de que o espinossauro não somente visitava a costa, como andava pela água com tranquilidade. Além disso, informações sugerem que eles passaram um bom tempo submersos.
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Outros cientistas avaliaram o estudo e concordaram que essa cauda coloca algumas dúvidas quanto ao caso do espinossauro semiaquático. “Isso certamente é uma surpresa”, diz o paleontólogo da Universidade de Maryland Tom Holtz, que não esteve envolvido no estudo.
Um animal adaptado a água
Com a cauda praticamente completa, Ibrahim e seus colegas estão convencidos de que o animal realmente era um nadador. Pesquisadores de Harvard foram acionados, para auxiliar com a construção de um modelo que pudesse comprovar a funcionalidade da cauda do espinossauro.
![espinossauro](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2020/04/espinossauro.png)
Um robô chamado “Flapper” foi utilizado, dando vida aos movimentos. Dessa forma, identificaram que era oito vezes mais forte do que outros dinossauros terópodes.
Portanto, essa conclusão diferencia o gigante de outros dinossauros que já viviam na água, descritos desde 2014.
O espinossauro é conhecido há mais de um século, já que entre 1910 e 1914 o paleontólogo e aristocrata bávaro Ernst Freiherr Stromer von Reichenbach fez expedições ao Egito, onde encontrou pedaços da criatura. Mas, essa última descoberta foi a mais marcante.
Essa pesquisa foi publicada na revista Nature, confira aqui.