Espécie rara de camaleão é redescoberta após mais de um século

Mateus Marchetto
Após mais de 100 anos, a espécie de camaleão Furcifer voeltzkowi foi observada na natureza. (Imagem: © Kathrin Glaw)

No ano de 2017 a organização Global Wildlife Conservation criou uma lista de 25 animais que estão “perdidos”. Na verdade, a lista fala de espécies de animais que não foram vistos nas últimas décadas. Não obstante, alguns não apareceram por mais de cem anos! É o caso da espécie rara de camaleão Furcifer voeltzkowi ou camaleão de Voeltzkowi, para os íntimos.

O último registro dessa espécie é de 1913 e, contudo, cientistas observaram recentemente esse animal em seu hábitat natural. Ademais, a revista Salamandra publicou, no dia 30 de outubro de 2020, o artigo que registra a descoberta. De acordo com os autores, muitas espécies podem estar em risco de extinção justamente por ninguém ter visto elas na natureza há muito tempo.

Assim, o artigo ainda afirma: “Redescobertas de espécies ‘perdidas’ são muito importantes pois elas fornecem dados cruciais para medidas de conservação e também trazem esperança no meio da crise da biodiversidade.”

Ademais, da lista dos 25 animais, cientistas já encontraram 5 há pouco tempo.

Em busca de espécies perdidas

O objetivo do projeto da Global Wildlife Conservation é promover a proteção, sobretudo de espécies ameaçadas. Esses animais que não são vistos há muitos anos podem motivar ações de proteção aos ambientes nativos. De fato, as florestas tropicais de Madagascar estão ficando cada vez mais fragmentadas.

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(Imagem de AQgraphy por Pixabay)

Acontece que quando o hábitat começa a diminuir, seja pela derrubada de florestas ou pela poluição, a chance de extinção aumenta muito. Desse modo, muitos animais que sumiram do mapa podem acabar sendo extintos sem que ninguém nem ao menos perceba. Além do mais, os autores do artigo da descoberta ainda afirmam que “O nosso planeta está enfrentando o início de uma enorme extinção em massa”. Essa perda de diversidade ocorre sobretudo pela destruição de ambientes naturais.

Entretanto, sempre há esperança. Diversas organizações e instituições têm se unido nos últimos anos para estudar melhor espécies e ambientes ameaçados. Nesse sentido, a ideia da Global Wildlife Conservation é apenas uma entre muitas para proteger o meio ambiente.

Como identificar uma espécie rara de camaleão

Até pouco tempo acreditava-se que, na verdade, a espécie Furcifer voeltzkowi era uma variação de C. rhinoceratus. Todavia, estudos de 2018 mostraram diferenças genéticas entre esses dois animais. Por outro lado, cientistas usaram apenas materiais com mais de 100 anos.

Assim como outras espécies de camaleão, os camaleões de Voeltzkowi surgem apenas em alguns meses do ano. Isso ocorre pois a maioria dos camaleões têm uma vida bastante curta, de apenas alguns meses. Ademais, não só esses animais são raros como também são pequenos. As fêmeas de camaleão de Voeltzkowi medem mais ou menos 15 centímetros. Os machos podem chegar perto dos 17.

Não obstante, as fêmeas também têm uma coloração preta, com listras brancas e azuis. Os machos, por outro lado, têm a cor verde e uma listra prateada na lateral do corpo.

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As florestas de Madagascar estão diminuindo a cada ano. Com elas, muitas espécies correm risco de extinção. (Imagem de shell300 por Pixabay)

Acredita-se que esses animais podem habitar uma região de mais ou menos 100 km, que já é bastante rica em répteis. Entretanto, não se sabe se esses animais são muitos ou se existem apenas algumas quantidades isoladas. De uma maneira ou de outra, ainda é preciso estudar muito esses bichos – e os outros da lista também.

O artigo científico foi publicado na revista Salamandra.

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