Espécie de dinossauro saurópode que viveu na Terra há cerca de 75 milhões de anos foi descoberta na Espanha

Daniela Marinho
Reconstrução do Qunkasaura pintiquiniestra. Imagem: José Antonio Peñas Artero

Uma equipe de pesquisadores, liderada pelo paleontólogo Pedro Mocho, da Universidade de Lisboa, identificou uma nova espécie de dinossauro, que recebeu o nome de Qunkasaura pintiquiniestra. Segundo o comunicado à imprensa, o nome foi escolhido para homenagear várias referências geográficas e culturais ligadas ao sítio paleontológico de Lo Hueco, onde a espécie foi descoberta.

Esse dinossauro, conhecido por seu longo pescoço, viveu na região que atualmente corresponde à cidade de Cuenca, na Espanha. A descoberta desse fascinante fóssil aconteceu em 2007, durante as escavações para a construção dos trilhos do trem de alta velocidade Madri-Levante.

A nova espécie adiciona mais uma peça ao quebra-cabeça da história dos dinossauros, dando aos cientistas a oportunidade de compreender melhor os seres que habitaram a Terra milhões de anos atrás e que ainda despertam curiosidade e fascínio na atualidade.

As descobertas foram publicadas na revista Communications Biology.

Espécie de dinossauro foi achada em meio a tesouro de fósseis

Paleontólogos fizeram uma descoberta impressionante ao encontrar um verdadeiro tesouro de fósseis, incluindo o esqueleto quase completo de uma nova espécie de dinossauro saurópode. Esses dinossauros, que eram herbívoros, se destacam por seu enorme tamanho, com pescoços e caudas extremamente longos, características típicas desse grupo.

Desde 2007, os cientistas já coletaram mais de 12.000 fósseis no local. Essa grande quantidade de fósseis faz desse sítio arqueológico em particular uma das coleções mais ricas e valiosas de vertebrados do período Cretáceo Superior em toda a Europa, contribuindo significativamente para o estudo da vida pré-histórica no continente.

Esqueleto quase completo e muito bem preservado

O Qunkasaura se destaca como um dos esqueletos de saurópodes mais completos já encontrados na Europa. Esse exemplar impressionante inclui vértebras do pescoço, do dorso e da cauda, além de partes da cintura pélvica e elementos dos membros.

Após uma análise detalhada, os pesquisadores conseguiram identificar essa nova espécie de saurópode, até então desconhecida. Ele pertence ao grupo dos saltasaurídeos, saurópodes famosos por seus longos pescoços e corpos grandes.

Desse modo, o Qunkasaura chama a atenção por suas vértebras caudais, que possuem características únicas e podem trazer novos conhecimentos sobre a evolução dos dinossauros não aviários na Península Ibérica.

Segundo Pedro Mocho,

O estudo desse exemplar nos permitiu identificar, pela primeira vez, a presença de duas linhagens distintas de saltasaurídeos no mesmo sítio fóssil. Um desses grupos, chamado Lirainosaurinae, já é relativamente bem conhecido na região ibérica e se caracteriza por espécies de pequeno e médio porte, que evoluíram em um ecossistema insular […] Em outras palavras, a Europa era um enorme arquipélago composto por várias ilhas durante o Cretáceo Superior. No entanto, Qunkasaura pertence a outro grupo de saurópodes, representado na Península Ibérica por espécies de médio-grande porte há 73 milhões de anos. Isso nos sugere que essa linhagem chegou à Península Ibérica muito mais tarde do que outros grupos de dinossauros.

Coexistência de grupos

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O processo de restauração de parte dos restos de Qunkasaura. Imagem: GBE-UNED

A nova espécie descoberta pertence ao grupo Opisthocoelicaudinae dos saltassaurídeos, cujos fósseis são geralmente encontrados no hemisfério norte. Isso contrasta com a maioria dos outros saurópodes do Cretáceo Superior encontrados no sudoeste da Europa, que pertencem ao grupo Lirainosaurinae, exclusivo do continente europeu.

Com base nessas evidências, os paleontólogos sugerem que o sítio Lo Hueco é provavelmente o único lugar conhecido onde ambos os grupos coexistiram.

Além disso, os pesquisadores propuseram a criação de um novo grupo de titanossauros, denominado Lohuecosauria, que abrange representantes das duas linhagens de saurópodes. A descoberta, portanto, revela que a Península Ibérica teve um papel importante na distribuição global desses dinossauros, ajudando a entender como esses gigantes pré-históricos se espalharam e evoluíram ao longo do tempo.

Parte do esqueleto do Qunkasaura está em exibição no Museu Paleontológico de Castilla-La Mancha, localizado em Cuenca, Espanha.

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