Escavações em Israel podem mostrar origens da migração de ancestral humano

Mateus Marchetto
Imagem: Josie Glausiusz

A migração de Homo sapiens e outros hominídeos pelo planeta é uma área de grande interesse para arqueólogos e paleontólogos. Agora, achados em um sítio de escavação em Israel podem adicionar mais uma camada de complexidade à migração destes famosos ancestrais humanos: os Homo erectus.

Também com o nome mais antiquado de Homo ergaster, os Homo erectus são uma das espécies mais fascinantes de hominídeos no registro fóssil. Nesse sentido, estes ancestrais humanos foram os primeiros a ter uma aparência um pouco mais…bem, humana. Isso porque o H. erectus foi provavelmente o primeiro a desenvolver uma postura mais ereta ao andar.

Vale, ademais, ressaltar as datas. Alguns fósseis dos H. erectus datam de quase dois milhões de anos, enquanto o sapiens surgiram “só” há 300.000 anos.

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Imagem: Mohamed Noor / Pixabay 

Contudo, de volta a Israel, pesquisadores encontraram um assentamento destes ancestrais humanos que pode conter dados sobre o que motivou a migração deles para fora da África. Após os primeiros milhares de anos do seu surgimento, os H. erectus se espalharam por boa parte da Europa e Ásia.

O motivo, no entanto, para tamanha migração e expansão ainda é uma incógnita. E isso acontece basicamente com todos os outros grupos de hominídeos conhecidos, incluindo a nós mesmos.

Por muito se acreditou que a mudança do clima criou grandes corredores de savanas até a Europa e Ásia, o que teria facilitado a migração de hominídeos – como veremos a seguir. Todavia, o sítio em que pesquisadores encontraram grupos de H. erectus, chamado de ‘Ubeidiya , não era nem parecido com uma savana.

As descobertas, portanto, balançam uma teoria já bastante tradicional e imponente.

Qual a motivação destes ancestrais humanos para sair da África?

O sítio de ‘Ubeidiya, onde diversos fósseis foram encontrados, era uma grande floresta há 1,5 milhões de anos. Ainda assim, a região era habitada por hipopótamos, dentes-de-sabre, crocodilos e diversos outros integrantes da megafauna da época.

Entretanto, a maior parte dos herbívoros da região eram animais tradicionalmente habitantes de ambientes da Eurásia, como cervos e alces. Estes animais, vale comentar, não viviam, mesmo àquela época, em savanas. Mais uma evidência para uma floresta em ‘Ubeidiya, portanto.

Além disso – e de outras análises e evidências da equipe que encontrou os fósseis em ‘Ubeidiya – outros sítios de escavação mostram a predominância de herbívoros e predadores de florestas em ambientes no meio do caminho entre a África e a Eurásia, como é o caso de Israel.

Assim, algo mais além das savanas deve ter motivado os nossos ancestrais humanos a migrar. A versatilidade e a necessidade podem ter sido dois empurrões para os H. erectus. Abrangendo grandes ambientes na África, é provável que estes hominídeos tenham desenvolvido habilidades para sobreviver nos mais diversos ambientes.

Assim, ao longo de centenas de gerações, as comunidades foram se expandindo cada vez mais, à medida que conseguiam sobreviver e se fixar em ambientes diversos, seja savana, seja floresta.

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Savana africana. Imagem: cocoparisienne / Pixabay 

Ademais, essa expansão pode ter sido uma necessidade no sentido da competição por recursos com outros animais e outros ancestrais humanos. A capacidade para explorar ambientes mais ao norte, portanto, pode ter sido uma baita vantagem evolutiva.

Por fim, a motivação de nossos ancestrais pode ter tido uma grande colaboração da mais pura e simples curiosidade e vontade de explorar. Essa característica, aliada à sociabilidade, permitiu o domínio da nossa espécie sobre o planeta pouco mais tarde.

Com informações de Sapiens.

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